terça-feira, 2 de fevereiro de 2010


LEVITAÇÃO
QUANDO A MENTE FAZ O CORPO VOAR

Dentre todos os fenômenos paranormais, um dos mais incríveis e espetaculares é a levitação, isto é, a elevação de um corpo humano do solo sem a utilização de suportes ou de forças conhecidas. A literatura parapsicológica registrou centenas de casos autênticos de levitação. Todos eles inexplicáveis à luz da ciência contemporânea.

Levitar pode ser um fenômeno menos misterioso do que imaginamos. No entanto, os convidados à casa do fabricante de sedas Ward Cheney, numa noite de 1852, ficaram paralisados pela surpresa quando o medium Daniel Dunglas Home, de dezenove anos, flutuou involuntariamente pela sala.
O grupo estava reunido para uma séance, muito em moda na época – em que esperavam observar a manifestação dos espíritos. Mas, ninguém jamais ouvira dizer que os espíritos pudessem fazer flutuar o médium por meio do qual se manifestavam. Afinal, isso desafiava a Lei da Gravidade! Nem Home pôde explicar o que lhe aconteceu – era a primeira vez. Por sorte, estava presente à reunião na casa de Ward o jornalista F. L. Burr, editor do Hartoford Times, que registrou o incidente, descrevendo-o assim: “ De repente, sem que ninguém esperasse, Home foi elevado no ar. Segurei sua mão e apalpei seus pés, que estavam uns 40 centímetros longe do chão. Ele tremia dos pés à cabeça, um misto de excitação e pavor, pelo que estava ocorrendo. Home voltou e saiu do chão várias vezes e na terceira vez ele chegou a encostar seus pés e suas mãos suavemente no teto”.
Depois disso, Home aprendeu a levitar voluntariamente e demonstrou suas habilidades diante de milhares de pessoas, algumas das quais ilustres,, como Thackeray, Bulwer Lytton, Napoleão III, Ruskin Rosseti, Mark Twain. Estas e muitas outras, céticas ou não, presenciaram aquele fenômeno que desafiava a Lei da Gravidade. Home, além de flutuar, fazia com que alguns objetos à sua volta também se elevassem do solo – e isso sem excluir alguns móveis bem pesados e até pianos - , fazia os sinos badalarem sozinhos e os instrumentos musicais produzirem música sem que ninguém os tocasse. O que torna o exemplo de Home um dos mais importantes de que se tem conhecimento é a comprovação absoluta e inequívoca de que não havia qualquer tipo de fraude – o fenômeno de sua levitação foi genuíno. Só o volume de testemunhas do caso Home, que levitou para uma infinidade de públicos diferentes durante quarenta anos, bastaria para afastar qualquer dúvida.
Apesar de críticas hostis como a do mágico Houdini, que afirmava – sem jamais ter provado de fato – ser capaz de produzir efeitos ainda mais surpreendentes que os de Home, ningupem nunca conseguiu provar que se tratava de um mero truque. Em 1871, William Crookes, um dos cientistas mais considerados da época – que mais tarde seria nomeado presidente da Associação Britânica para o Desenvolvimento da Ciência – declarou como legítima a atuação de Home. Crookes afirmou no Jornal da Ciência: “O fenômeno que vou descrever é tão extraordinário e tão diametralmente oposto aos mais básicos princípios do pensamento científico – entre os quais a invariável e ubíqua ação da força da gravidade -, que, mesmo agora, relembrando os detalhes do que vi, minha mente vacila entre a razão, que afirma ser tudo isto cientificamente impossível e os sentidos (da visão e do tato, no caso), que não fizeram falso testemunho”.
A reação do meio científico foi refratária às observações de Crookes. Os mais flexíveis, como Darwin, diziam, no mínimo, que nem desacreditavam e nem acreditavam nas afirmações de Crookes. Houve muita controvérsia. E, no entanto, as façanhas de Home não passavam de uma demonstração – um pouco mais espetacular, talvez, - de um fenômeno registrado há séculos, aliás, há milênios, não importa quão esporadicamente ele ocorra. O milagre de Cristo andando sobre as águas não é senão o fenômeno da levitação. Também foi a levitação a responsável pelo “enfeitiçamento” de Henry Jones, que em 1657, em Shepton Mallet, no Oeste da Inglaterra, conseguiu elevar-se do chão e encostar as mãos no teto. Logo depois que Home parou de fazer suas apresentações, uma médium italiana igualmente famosa, chamada Eusapia Palladino, demonstrou ter a mesma capacidade de levitar. Ela, como Home, foi observada sob as mais estritas condições da pesquisa científica. Uma das experiências efetuadas consistia em ser mantida presa à uma cadeira por vários investigadores (os mais céticos de preferência), que a seguravam firmemente. Nessas ocasiões, os objetos valsavam pelo ar e uma vez a própria Eusápia flutuou. Uma mulher afável, oriunda de Nápoles, Eusápia se submeteu, com sucesso, a uma espécie de testes, durante anos. Infelizmente, numa experiência em que os investigadores lhe deram, deliberadamente, a oportunidade de fraudar. (eles haviam feito isto com Home). Era um teste como qualquer outro; ela o aproveitou. Por causa disto, a Socidade para Pesquisas Psíquicas de Londres desconsiderou todas as provas anteriores.

Os santos costumam levitar
Entre os 230 santos católicos que foram considerados como dotados de capacidade de levitar, muitos parecem, sem dúvida nenhuma, ter levitado mesmo. Teresa de Ávila foi canonizada pelo seu poder de levitar. Sua biografia oficial, escrita anda durante sua vida, registra a descrição que fez destes momentos em que, involuntariamente, se via suspensa no ar.
“Eu tinha a impressão, sempre que tentava opor alguma resistência, de que uma grande força abaixo de meus pés me impulsionava para cima... Confesso que tive medo, muito medo mesmo, no início. Conservei todas as minhas emoções à medida que observava meu próprio corpo sendo arrancado da terra. Eu sabia que estava flutuando e que meu espírito continuava no meu corpo. Depois que perdi o medo, o acontecimento se repetiu muitas vezes, devo dizer que frequentemente sinto meu corpo muito leve, como se tivesse perdido todo o peso, e nem sempre sei se meus pés estão ou não encostando no solo”.
São José de Copertino (1603 – 1663), ficou famoso por suas levitações. Um menino frágil de Apulia, Itália, ele passou a maior parte de sua adolescência tentando auto induzir um estado de êxtase, por meio de várias formas de autopunição, tais como a flagelação e a fome. Aceito aos 22 anos, com relutância, como padre franciscano, logo depois ele começou a experimentar êxtases durantes as preces após a missa e, nesses êxtases, passou a se elevar do chão, chegando até o altar. Com o tempo, a freqüência com que levitava era tão grande que as autoridades da Igreja começaram a se preocupar – enquanto o jovem padre parecia se deliciar cada vez mais com este novo acontecimento em sua vida. Na primeira vez em que esteve diante do Papa, ele se elevou mais de um metro do chão. Uma vez, um monge, andando ao lado dele, observou que Deus lhes havia concedido um belo dia; São José deu um grito de satisfação e voou até o topo de uma árvore.
Mais de cem destes acontecimentos foram testemunhados por teólogos antes que sua santificação posse proposta. Durante a maior parte de sua vida religiosa, seus superiores lhe pediam que orasse sozinho e não mais em congregações ou reuniões de qualquer tipo, pois seus vôos em êxtase eram extremamente perturbadores para todos os que os presenciavam.
Embora possa parecer hilariante a olhos modernos, esses acontecimentos são importantes simplesmente porque são verdadeiros. Pessoas eminentes, como a princesa Maria de Savóia e o rei Casemiro V da Polônia, testemunharam sob juramente terem experimentado o fenômeno da levitação. E, se o fenômeno podia ocorrer antigamente, não existe boa razão para que não possa ocorrer agora. De fato, os seguidores da meditação transcendental de Maharishi Mahesh Yogi, dizem que, após um curso de treinamento, todos eles são capazes de levitar voluntariamente. Um deles declarou ao Evening Standard, de Londres: A primeira vez que praticamos, ninguém levitou. Nós não estávamos conseguindo nos concentrar por causa dos instrutores que flutuavam pelo salão. Mas, gradualmente, fomos conseguindo sair do chão. A melhor posição para levitar é a posição de lótus, pois é comum os principiantes se machucarem ao retornar ao solo, devido à um “trem de aterrissagem” muito instável. É recomendável também usar uma espécie de colchão ou almofada de borracha ara amortecer o impacto da queda, que costuma ser muito forte no início. Os irmãos Wright, por exemplo, voltaram para o chão com muita força após seu primeiro vôo. Depois, lentamente, aprende-se a controlar melhor a descida e aí então a experiência se torna verdadeiramente fascinante”.
As barreiras para acreditar nessas descrições são as mesmas de sempre: é difícil acreditar, a menos que se veja com os próprios olhos e ainda assim o mais freqüente é afirmar que tudo não passa de um truque muito bem feito, já eu não existem explicações científicas para o fenômeno. É claro que a fraude existe, assim como existe a auto sugestão. Mas a maioria dos estudiosos que tem investigado a mais conhecida forma de levitação contemporânea - a praticada pelos místicos orientais – têm-se convencido de que alguns casos, pelo menos, são indubitavelmente genuínos. Nenhum deles, é claro, nega a existência de numerosos charlatães. John Keel, em seu livro Zadoo – no qual descreveu suas viagens pela Índia e pelo Tibete durante os anos 50 -, afirma que até um dos mais adorados homens santos não passavam de talentosos ilusionistas. Mas, afirma também ter presenciado levitações que não poderiam, de forma alguma, serem fraudes. Uma delas foi a do lama tibetano Nyang-Pas, que Keel descreve assim:
“O lama pressionou com uma das mãos um bastão de madeira de cerca e 1,20m de altura, apoiado no chão. Fez um certo esforço e depois lentamente foi subindo, subindo, até que se sentou no ar com as pernas cruzadas. Não havia nada atrás ou embaixo dele. Seu único apoio era o bastão, que parecia manter seu equilíbrio”.

A prova da fotografia
Tudo indica que a maioria dos orientais usa o bastão para levitar, e é comum enrolarem este bastão em um pano, por motivos rituais. Isso leva muita gente a afirmar que o truque está escondido no pano e nas roupas. Acontece que não pode existir um truque capaz de fazer alguém se elevar no ar de pernas cruzadas, pois implicaria um deslocamento impossível, por meios conhecidos, do centro de gravidade – e muitos orientais, com bastão enrolado e tudo, levitam de pernas cruzadas.
Explicação científica da levitação não há, mas há algumas provas convincentes da sua existência real. P. T. Plunkett, conta que conheceu, no sul da Índia, o iogue Subbayah Pullavar, que praticava a levitação há 20 anos e que era membro de uma família que fazia a mesma coisa há séculos.
“Era meio dia” – conta Plunkett, “o sol estava diretamente sobre Pullavar, de modo que não se pode alegar que a falta de luz foi responsável por qualquer engano, confusão ou ilusão. O iogue, de longos cabelos, bigodes caídos e olhar selvagem, e cumprimentou e ficamos conversando durante algum tempo. Ele inspirava confiança, mas eu não tinha motivo particular para me convencer de imediato. Então resolvi pedir permissão para fotografá-lo durante sua performance de levitação. E, para minha surpresa, ele concordou sem qualquer hesitação. Isto prova, no mínimo, que o que eu e todos vimos não era produto de uma ilusão hipnótica – uma teoria que e eu já havia ouvido a respeito dos dons de Pullavar. As fotos que Plunkett tirou foram publicadas no Ilustrated London News, junto com o texto onde ele descreve toda a performance, para a qual reunião umas 150 pessoas: “O iogue jogou água dentro de um círculo em torno da pequena tenda na qual a levitação começaria, sem ser vista pelo público. Não podia entrar no círculo quem estivesse usando sapatos de sola de couro. Alguns minutos mais tarde, a tenda foi removida e Pullavar estava levitando, em posição horizontal, apoiado levemente apenas sobre seu bastão envolto num pano. Tirei fotos de todos os ângulos e concluí que realmente não havia nenhum outro apoio além do bastão. Pullavar permaneceu no ar, em posição horizontal, durante aproximadamente uns quatro minutos, após os quais a tenda foi recolocada sobre ele, que voltou ao chão, também longa da vista do público”.
A tenda, porém, era fina e Plinkett pôde observar todo o processo da descida:
“Mais ou menos um minuto depois de a tenda ter sido recolocada, ele se moveu ligeiramente e começou a descer com suavidade, sempre em posição horizontal. Ele levou uns cinco minutos para descer de onde estava até o chão – uma distância de um metro, no máximo. É evidente que não havia intenção de me mostrar essa parte da performance, ou então ela teria ido mostrada a todo o público, mas também ninguém me impediu de ver. Quando ele finalmente chegou ao chão, seu assistente o levou até onde eu estava sentado e perguntou se eu gostaria de tentar flexionar suas pernas. Tentei, mas não consegui. Foram necessários uns cinco minutos de massagens e duchas de água fria para que Pullavar voltasse ao normal. Plnkett termina seu relato dizendo: “Assisti a essa demonstração várias vezes, algumas delas com amigos meus e estou convencido de que Pullavar não usa nenhum truque”.

As bruxas conheciam o segredo
Há alguns pontos comuns a todas as modalidades de levitação: elas duram pouco tempo e seus protagonistas flutuam por distâncias pequenas – alguns metros, no máximo. Dizem também, que levitar produz uma sensação muito semelhante à da projeção para fora do corpo, um fenômeno já bastante pesquisado, tanto do ângulo médico ortodoxo quanto do paranormal (há indícios de que uma pessoa em cada vinte tem potencialmente a capacidade de se projetar para fora do corpo).
Durante uma experiência fora do corpo, a pessoa tem a nítida sensação de que está longe de seu corpo físico, o qual ela de fato pode ver a uma certa distância. É comum essas experiência ocorrer com pacientes que vivem momentos críticos, entre a vida e a morte, depois de acidentes graves, ataques cardíacos, etc; ou durante situações de emergências durante cirurgias. Mas não só nestas circunstâncias. Muita gente experimenta esta a projeção para fora do corpo em circunstâncias totalmente normais e é capaz de se deslocar até lugares bastante distantes de onde está seu corpo, relatando tudo o que se passou, com toda a precisão, depois de retornar ao estado normal.
Os lamas tibetanos acreditam que a levitação é uma espécie de projeção para fora do corpo... dentro do próprio corpo. Isto talvez tenha alguma conexão com a velha lenda das bruxas que voavam montadas emcabos de vassouras, pois os lamas tibetanos, extraordinariamente podem levitar por longas distâncias. No mesmo universo se incluem as experiências que Carlos Castañeda viveu com seu Don Juan, o índio yaqui com poderes supernaturais. Sob a influência de alucinógenos, Castañeda descobriu que podia, inexplicavelmente, viajar pelo espaço numa distância de cerca de 700 metros. Falando disso dom Don Juan, Castañeda argumentou que não podia realmente ter voado, que só poderia ter voado na imaginação. E perguntava onde havia ficado seu corpo, de fato. Don Juan respondeu:
“Você acha que um homem não voa. E, no entanto, um brujo pode deslocar-se milhares de quilômetros em um segundo: ele pode infligir um golpe em seus inimigos a grandes distâncias. Então, o homem voa ou não voa”?
Mistérios e enigmas à parte, logicamente só pode haver duas causas para a levitação. É possível que uma decorra da outra: excepcional controle do corpo ou um deslocamento temporário das forças gravitacionais. Tudo indica que a primeira seja a causa preponderante. Daniel Dunglas Home, no fim da vida, era capaz de segurar pedras de carvão quentes sem se queimar, da mesma maneira que os orientais caminhantes do fogo conseguem andar sobre um tapete de brasas sem queimar a sola dos pés.
Alexandra David-Neel, uma pesquisadora francesa que passou quatorze anos no Tibete antes de publicar Místicos e mágicos do Tibete, em 1929, cita no livro vários exemplos de eremitas que conseguiam gerar um misterioso calor interior chamado tumo, através de um método semelhante ao da concentração iogue. O tumo lhes permite suportar temperaturas inferiores a zero grau, vestidos apenas com roupas de algodão leve.
A autora fala ainda de um lama que conheceu no Norte do Tibete. Ele se movia no espaço co movimentos tão belos como os do lendário bailarino Valslav Nijinsky, só que não corria nem pulava, mas se deslocava lentamente e lentamente atingia alturas incríveis, parecendo ficar imóvel lá no alto. Diz Alexandra: “Ele parecia ter a elasticidade de uma bola; cada vez que encostava no chão, voltava para o ar com impulso e leveza. Seus saltos tinham a regularidade de um pêndulo e desse modo ele percorria distâncias imensas, com o olhar fixo num objeto longínquo”.
Seja qual for a forma de levitação, da clássica – a elevação de um ser humano no espaço durante alguns minutos – ao balé do lama tibetano, não há dúvida de que existe um tipo de força capaz de cancelar a força da gravidade. Uma força mental. Qual exatamente, não se sabe. Muitas experiências psíquicas demonstram que o peso pode ser modificado pelo poder da mente. Daí para a anulação total do peso é apenas um passo.
Talvez o maior mistério da levitação seja porque ela não ocorre a um número muito maior de seres humanos e com muito mais freqüência. Por enquanto, o único consolo para nós, que não levitamos, são as palavras de D. D. Home: “Nunca senti medo, nem da primeira vez. No entanto, eu poderia ter-me machucado seriamente se tivesse despencado de um dos muitos tetos por onde andei”.