segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Jesus não morreu na cruz!


Diz a história cristã que o corpo de Jesus desapareceu porque subiu ao céu. Agora, uma nova teoria tenta provar que

JESUS não morreu na cruz!!

Ele sobreviveu, fugiu da Palestina, chegou à Cachemira, lá teve filhos e morreu de morte natural, já velho. Esta é a tese de Andreas Faber-Kaiser, editor da revista espanhola Mundo Desconocido e autor de Jesus viveu e morreu na Cachemira, que decidiu investigar por que há 1900 anos se venera em Srinagar, capital da Cachemira, um túmulo chamado Rozabal (a tumba do profeta), como sendo o túmulo de Jesus.

Texto de Vani Rezende
(matéria de 1977)

A história cristã diz que Jesus foi crucificado numa sexta-feira, ao meio dia. Antes do cair da noite, já morto, seu corpo foi retirado da cruz e depositado na gruta funerária de José de Arimatéia, cuja entrada foi fechada com uma pedra. No domingo seguinte, o corpo de Jesus havia desaparecido inexplicavelmente, fazendo assim cumprir uma profecia bíblica: o filho de Deus ressuscitara de entre os mortos. Depois de um breve período na Terra, durante o qual entrou em contato com seus discípulos, Jesus subiu ao céu, onde está à direita de Deus-Pai.
Mas, ao contrariar este dogma cristão, está o túmulo de Srinagar. Andreas Faber-Kaiser apóia-se em dois pontos principais para tentar provar que Jesus não morreu na Palestina, aos 33 anos; e sim na Cachemira, ao norte da Índia, muito tempo depois: as circunstâncias e seu martírio e referências de que Jesus já vivera na Índia, dos 13 aos 30 anos, período de sua vida do qual a Bíblia não fala.
Sobre a crucificação, Andreas considera que ela ocorreu numa sexta-feira, véspera do shabat judeu, o que obrigava a baixar o corpo de Jesus antes do cair da noite. De acordo com o calendário da época, o sábado começava na noite de sexta e, pelas leis judias, era proibido deixar suspenso na cruz um supliciado durante o dia sagrado do shabat. Andreas argumenta que o objetivo da crucificação não era a morte imediata, mas a lenta tortura, suportável por até quatro dias, principalmente por um homem jovem e saudável. Então, um supliciado que fosse baixado da cruz em tempo, teria condições de sobreviver, se devidamente tratado. Para Andreas, foi o que aconteceu com Jesus. Submetido à apenas algumas horas de tortura, ele foi retirado da cruz ainda vivo e assistido por seus amigos e discípulos dentro da gruta de José de Arimatéia, recuperou-se e conseguiu fugir.
O autor de Jesus viveu e morreu na Cachemira recorre à vários trechos da história cristã nos quais há indícios de que o martirizado ainda estava vivo ao descer da cruz. O Evangelho segundo São Marcos diz que Pilatos, conhecedor de que um crucificado leva dias para morrer, estranhou quando lhe disseram que Jesus já havia morrido. Diz também que Pilatos feriu o corpo de Jesus com uma lança, para verificar se estava de fato morto e, embora ele não tenha reagido, da ferida jorrou um “sangue abundante”, o que não acontece com um corpo sem vida. O Evangelho Segundo São João faz notar que a tumba de José de Arimatéia não foi cheia de terra, como era costume entre os judeus, mas apenas fechada com uma pedra, o que deixava ali em seu interior espaço suficiente para respirar. Por último, Andreas afirma que as mais recentes análises realizadas no sudário do Turim (o pano em que o corpo de Jesus foi envolvido ao ser retirado da cruz) demonstram que o sangue nele impregnado era o sangue de uma pessoa ainda viva.

As mesmas idéias, a mesma filosofia, o mesmo nome

Partindo, então, da hipótese de que Jesus sobreviveu ao martírio na cruz e fugiu da Palestina, Andreas procura os sinais de sua presença na Cachemira. Sua principal fonte é o professor Hassnain, diretor do Departamento de Arquivos, Bibliotecas e monumentos do Governo da Cachemira, diretor honorário do Centro de Pesquisas de Estudos Budistas da Cachemira e secretrário do Centro Internacional de Pesquisas de Estudos Indianos Sharada Peetha. O professor Hassnain colocou à disposição de Andreas numerosos documentos que falam de um homem com idéias e filosofias idênticas às de Jesus. Este homem é designado nos documentos pelos nomes de Yusu, Yusuf, Yusaasaf, Yuz Asaf, Yuz-Asaph, Issa, Issana e Isa, que são traduções de Jesus nas línguas cachemir, árabe e urdu. E é este mesmo homem, segundo trajeto traçado pelos documentos, o que foi enterrado no túmulo Rozabal de Srinegar. Jesus, de acordo com as pesquisas de Hassnain, teve filhos e ainda hoje vive em Srinagar um seu descendente direto, chamado Basharat Saleem.
Segundo Andreas, porém, ainda mais importante que os documentos que falam desse Jessus adulto, são os manuscritos de Nikolai Notovitch, que contam a vida de um profeta Isa que viveu na Índia, entre os 13 e os 30 anos, a mesma faixa e idade em que nada se sabe sobre Jesus. Para Andreas, tais manuscritos fecham o ciclo: Jesus viveu na Índia, voltou para a Palestina e, depois, obrigado a fugir, retornou à região em que viveu toda a sua juventude.
Nicolai Notovitch foi um viajante russo que no século passado explorava os territórios do norte da Índia, incluindo a Cachemira e o Ladakh, região também conhecida como “pequeno Tibete”. Em uma de suas viagens, Notovitch conheceu em Hemis, no Ladakh, um “lama” (sacerdote budista entre mongóis e tibetanos) estudioso da vida de Isa. Este lama traduziu para Notovitch, que anotou à mão, documentos escritos em páli, (língua dos livros sagrados budistas), contando sobre a passagem de Isa na Índia, numa época que corresponde àquela em que Jesus viveu e, principalmente, no exato período em que a Bíblia não registra sua presença na Palestina.
O professor Hassnain chegou aos manuscritos de Notovitch por acaso. Isolado por uma tempestade de neve em Leh, capital do Ladakh, ele dedicou semanas à pesquisa de velhos textos da biblioteca da lamaseria (o mosteiro dos lamas) local e lá encontrou os quarenta volumes de diários dos missionários alemães Marx e Francke. Em um dos volumes havia uma referência aos manuscritos traduzidos que Notovitch deixara em Hemis, a 38 km a sudeste de Leh. Os missionários alemães não dão crédito às informações de Notovitch, mas o professor Hassnain está totalmente convencido de sua autenticidade.

As revelações sobre o menino – messias

Em Jesus viveu e morreu na Cachemira estão reproduzidos alguns trechos dos manuscritos de Notovitch sobre a história de Isa:
“Um formoso menino nasceu no país de Israel e Deus falou pela boca deste menino, explicando a insignificância do corpo e a grandeza da alma. O menino-divino, a quem deram o nome de Isa, começou a falar, ainda criança, do Deus uno indivisível, exortando a grande massa extraviada a arrepender-se e a purificar-se das faltas que haviam cometido”. De todas as partes as pessoas acorriam para escutá-lo e ficavam maravilhadas diante das palavras de sabedoria que surgia de sua boca infantil; os israelitas afirmavam que neste menino habitava o Espírito Santo.
Quando Isa alcançou a idade de 13 anos, época em que um israelita deve tomar uma mulher, a casa onde seus pais ganhavam o pão, através de um trabalho modesto, começou a ser ponto de reunião de pessoas ricas e nobres que desejavam tem o jovem Isa por genro, pois era ele conhecido por toda parte por seus discursos edificantes em nome do Todo-Poderoso. Foi então que Isa desapareceu secretamente da casa de seus pais, abandonando Jerusalém e se encaminhou com uma caravana de mercadores para Sindh (Paquistão), com o propósito de se aperfeiçoar no conhecimento divino e de estudar as leis dos grandes Budas. Aos 14 anos, Jesus havia atravessado todo o Sindh e os devotos do Deus Jaína lhe imploravam que ficasse entre eles, mas ele os deixou, caminhando para Jagannath (uma das cidades sagradas da Índia), onde foi recebido com alegria pelos sacerdotes de Brahma, que lhe ensinaram os Vedas, a salvar o povo através de orações , a expulsar o espírito do mal do corpo humano e a devolver a este sua forma humana. Jesus viveu seis anos percorrendo as cidades sagradas de Jaganath, Rajagriba, Benares e outras, em estado de paz com os Vaishyas e Shudras, aos quais ensinou a sagrada escritura”.

Desde muito jovem, pregando a igualdade entre os homens

Nos manuscritos de Notovitch consta que Jesus ganhou suas primeiras antipatias na Índia, quando falou da igualdade dos homens, pois os brâmanes escravizavam os sudras e afirmavam que estes só se livrariam da escravidão com a morte. Jesus recusou o convite dos brâmanes de aderir à suas crenças e foi pregar entre os sudras, contra eles. Condenou então severamente a doutrina que dá aos homens o direito de explorar outros homens e, também combateu a idolatria, defendendo a crença em um único Deus todo-poderoso. Finalmente os brâmanes decidiram que ele devia morrer. Advertido pelos sudras, Jesus abandonou a Índia e alcançou o Nepal.
Depois de aprender a língua páli, deixou o Nepal e caminhou em direção ao oeste, passando pela Cachemira e chegando à Pérsia (hoje Irã), onde os sacerdotes proibiram o povo de ouvi-lo. Como o povo desobedecesse a proibição, Jesus foi preso e solto pouco depois. Aos 29 anos Jesus empreende viagem de volta a Israel, onde chega um ano depois. A partir daí, os manuscritos de Notovitch, segundo Andreas, se confundem com os textos bíblicos.
Depois de comparar as filosofias desse Isa descrito por Notovitch, do Jesus da história cristã e do profeta que voltou à Índia e se fixou na Cachemira após a crucificação, Andreas conclui que os três são uma só pessoa.

Mulher, filhos e um descendente vivo até hoje

Para Andreas, desde o início de sua fuga, Jesus pretendia chegar à Cachemira, para cumprir uma missão: reunir as tribos perdidas de Israel, que se espalharam pela Ásia depois do grande cisma. Segundo Andreas, havia indícios de que os sobreviventes das dez tribos se estabeleceram quase todos na Cachemira e alguns no Afeganistão e no Paquistão.
Baseado nos documentos recolhidos pelo professor Hassnain, Andreas reconstitui a trajetória que Jesus percorreu da Palestina até a Cachemira: “Ele e sua mãe, Maria, tiveram que emigrar da Palestina e partir para um país longínquo, passando de país a país. Acompanhou-os na fuga Tomás, um dos discípulos de Jesus. Encontramos rastros de Jesus na Pérsia, no Afeganistão e na localidade de Taxila, no Paquistão. Saídos de Taxila, Jesus, Maria e Tomás rumam em direção à Cachemira, mas Maria não chega a ver a “Terra Prometida”; não suportando mais as penas da longa viagem, morre no povoado de Murree”.
Andreas prossegue: “De Murree, Jesus entra na Cachemira por um vale que até hoje se chama Yusmarg (o vale de Yusu). Na Cachemira, Jesus teve mulher e filhos e até hoje mora em Srinagar o senhor Sahibzada Bashrat Saleem, que conserva a árvore genealógica completa de sua família, de Jesus até ele”.
A cena da morte de Jesus, Andreas transcreve do livro Ikmalud-Din, do escritor e historiador oriental Shaikh AL As’id us-Sadiq, morto no ano de 962: “Jesus, ao sentir a aproximação de sua morte, mandou buscar seu discípulo Ba’bat (Tomás) e expressou a este seu último desejo: que se construísse uma tumba sobre seu corpo no lugar onde expirasse”.
Esta tumba, segundo Andreas, está em pleno centro da cidade de Srinagar, capital da Cachemira. À entrada da tumba lê-se a inscrição Rozabal, que quer dizer o túmulo do profeta.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009


Telepatia
Hoje, mistério. No futuro, talvez uma terrível arma secreta.
As pesquisas mundiais sobre telepatia estão muito adiantadas. Conheça aqui o que já se sabe e o que se supõe a respeito desse fenômeno.

Texto de Robert Stafford

A telepatia vem se tornando cada vez mais objeto de sérios estudos por parte de cientistas do mundo inteiro, especialmente dos EUA e União Soviética. (Esta matéria foi publicada em 1978). Todo esse interesse, segundo alguns especialistas, vem do fato de que a telepatia é muito mais importante para a humanidade do que pensam os céticos. Se mal usada, por exemplo, ela poderá servir para manipular as mentes de populações inteiras – será, talvez, a mais poderosa arma secreta do futuro. Já faz uns 100 anos que a palavra telepatia foi criada - e definida como “a comunicação de impressões de qualquer tipo entre duas mentes, independentemente dos canais sensoriais conhecidos”. Nestes 100 anos, reuniram-se muitas provas de que a telepatia é uma realidade, embora ainda não se saiba exatamente como ela se processa. Não faltam especulações explicativas a respeito do fenômeno. Alguns pesquisadores afirmam que a telepatia é um fenômeno puramente físico, enquanto outros o definem como puramente psíquico. Outros contestam as duas definições, alegando que tudo o que se pode afirmar com certeza é que dois centros nervosos mantêm uma temporária relação que transcende a faixa das influências sensoriais conhecidas da ciência.
Há também os que defendem uma tese ainda mais especulativa: a de que, no misterioso processo da transferência de pensamento, a segunda pessoa não é diretamente influenciada pela primeira, funcionando apenas como receptora das mensagens de uma Supermente, a qual todas as outras estão ligadas. Seja qual for a explicação que se queira dar ao fenômeno telepático, não se pode é negar que ele exista. A comunicação por telepatia é muito comum, por exemplo, entre mães e filhos. O professor W.H.C Tenhaeff, holandês, especialista em percepção extra sensorial, estudou profundamente o caso de uma senhora que, durante a gravidez do terceiro filho, sonhou que, se desse a luz à uma menina, esta viveria poucos dias. Nasceu uma menina e apesar das garantias do médico de que o bebê era perfeitamente normal, a mãe entrou num estado de inquietação que beirava o pânico. Ela contou a Tenhaeff que não conseguia se livrar da visão do sonho, apesar de se esforçar nesse sentido. Seu marido, o médico e as enfermeiras do hospital onde estava internada fizeram tudo para tranqüilizá-la, sem resultado. Até que, no quarto dia depois de nascida, a menina foi encontrada morta no berçário. Diz Tenhaeff: “Quanto mais estudamos casos como esse, mais somos levados a considerar que a intuição materna é uma forma toda especial de percepção extra-sensorial. Há uma estranha combinação de telepatia e premonição na base da relação mãe-filho”. Além dos casos de comunicação telepática registrados no seio das famílias e, especialmente entre mães e filhos, existem numerosas outras provas de que a telepatia não é uma fantasia mística. Um caso de poder telepático que ficou recentemente famoso no mundo inteiro é o de Uri Geller, que alguns céticos chamaram de “um duvidoso mágico de cabaré”. Mas os céticos não foram a maioria; cientistas de várias áreas fizeram todo tipo de teste com ele, constatando seus dons extra-sensoriais. Geller foi submetido a testes rigorosos no Instituto de Pesquisas Stanford, na Califórnia. O físico Ted Bastin, um dos que observou os testes, declarou: “As coisas que eu vi Geller fazer são absolutamente notáveis. Ele entortou objetos sem tocar neles e fez outros se movimentarem pela sala. Diante de um fenômeno como esse, não se pode querer conservar, a qualquer custo, uma visão científica ortodoxa. Geller é genuíno. Não existe qualquer truque por trás do que faz”.

Duas mentes se comunicam a 2.000km de distância

Na União Soviética, as pesquisas sobre telepatia têm sido intensificadas a cada ano. Certos de que todo ser humano tem dentro de si a capacidade de transmitir e receber pensamentos, não importa a que distância e quais as barreiras, os cientistas russos começam a divulgar suas pesquisas sobre o fenômeno telepático. No dia 19 de abril de 1966, Karl Nikolaiev desembarcou de uma avião na cidade de Novosibirsk, na Sibéria, dirigindo-se imediatamente para o bairro Academgorodok, que é uma verdadeira cidade científica. Ali, cientistas de várias especialidades dispõe de todas as facilidades para realizar suas pesquisas. A média de idade é de 30 anos. O QI médio é de 130 pontos. Nikolaiev era o homem escolhido para servir como receptor de mensagens telepáticas a serem enviadas de Moscou, a mais de dois mil quilômetros de distância. Ele devia provar que duas pessoas espiritualmente sintonizadas podem entrar em contato sem precisar de máquinas, não importa a distância que as separe. Era meia noite na Sibéria. Em Moscou, os relógios do Kremlin bateram oito horas. Yuri Kamensky, biofísico, recebeu de um grupo de cientistas um pacote lacrado e foi trancado num quarto à prova de radiação.
- Eu não sabia o que devia transmitir telepaticamente a Nikolaiev – disse ele. – Só sabia que se tratava de seis objetos que a comissão entregaria em pacotes lacrados. Eu teria dez minutos para a transmissão de cada objeto. No primeiro pacote, vi uma mola de metal, formada de sete espirais duros. Peguei a mola e deixei que meus dedos sentissem suavemente as espirais. Tentei imaginar que estava sentado em frente a Nikolaiev e, então, tentei ver a mola com os olhos de Nikolaiev. A dois mil km de distância, Nikolaiev se concentrava. Testemunhas oculares viram seus dedos fecharem ao redor de algo visível apenas por ele. Nikolaiev escreveu então: “redondo, lustroso, parece uma bobina de fios de aço, um carretel”. Depois, quando Kamensky se concentrou numa chave de fenda com um cabo preto de plástico, Nikolaiev anotou: “comprido e fino... metal... plástico... plástico preto”. Após a experiência, Kamensky, o transmissor, declarou:
- Parece que todos têm dentro de si a possibilidade latente de transmitir e receber. Mas, como ocorre com qualquer possibilidade latente, esta também tem que ser desenvolvida e treinada. E há pessoas que têm, naturalmente, mais talentos que outras.

Todos nós possuímos forças telepáticas latentes?

Durante outras quatro noites daquele mês de abril, o “receptor” Nikolaiev tentou entrar em contato com alguns outros “transmissores” em Moscou. Um deles, o estudante A. G. Arlashin, escolheu seis objetos entre vários colocados à sua frente numa mesa. Um dos objetos era um halter. Em Novosibirsk, Nikolaiev registrou: “metal, comprido, redondo, grosso... duro, não é de cromo, uma vara de aço... pesada. Um halter, talvez...” Entretanto, Nikolaiev encontrou maior dificuldade em sintonizar os pensamentos de Arlashin do que os de Kamensky. E concluiu que a causa era a dúvida de Arlashin, que não sabia escolher entre os objetos na mesa. Os parapsicólogos russos concordam com ele, sustendando que, se os pensamentos dos transmissores forem vagos ou hesitantes, também as imagens recebidas pelo receptor se tornarão vagas e nebulosas.
Nikolaiev descreveu 50 dos objetos transmitidos de modo satisfatório, declarou, após as experiências, o Dr. Ippolit Kogan, diretor do Laboratório PSI, em Moscou, um órgão que estuda fenômenos parapsicológicos. A imprensa e os cientistas estavam excitados. O engenheiro Victor Propokin escreveu no Pravda que o sucesso de Nikolaiev na Sibéria convenceu-o de que todas as pessoas têm forças telepáticas latentes, em diversas graduações e que essas forças podem ser treinadas. No mesmo jornal, o Dr. Kogan escreveu: - Se os resultados desses e outros testes forem considerados com a reserva necessária – ceticamente, mas também sem preconceitos – não há dúvida de que a parapsicologia, com todo seu mistério, em breve será aceita como ciência.

Aparelhos registram: o cérebro recebeu a mensagem

Testes importantes com Nikolaiev e Kamensky foram feitos também no laboratório da Universidade de Leningrado. Nikolaiev, o receptor, ficou nesta cidade, trancado num quarto isolado, mas ligado a um eletroencefalograma por meio de eletrodos. Deram-lhe meia hora para relaxar completamente, o que é necessário para estimular a sensibilidade telepática. Em Moscou, também isolado num espaço fechado, Kamensky se preparava para a transmissão.
A eletrofisióloga Luisia Palowa e o matemático Genady Sergeyev mandaram Nikolaiev abrir e fechar a mão cada vez que sentisse uma coisa diferente. O movimento seria registrado pelo aparelho, fora do quarto e mais tarde Nikolaiev explicaria os sinais. Ele não sabia em que momento, durante quanto tempo e quantas mensagens Kamensky transmitiria. O aparelho foi ligado. Computadores zuniram e logo apareceram no papel as linhas calmas das ondas alfa, indicando que Nikolaiev estava sereno e relaxado. Num dado momento, Kamensky, fechado em seu quarto à prova de radiação, em Moscou, começou a transmitir. Exatamente três segundos mais tarde a imagem do cérebro de Nikolaiev mudou totalmente. Assim, os russos conseguiam registrar o preciso momento em que a mensagem telepática alcançava o cérebro. Os jornalistas escreveram: “Se o teste pode ser repetido e repetido com resultado positivo, então será comprovada a hipótese da telepatia”. A experiência foi repetida com sucesso. Num relatório escrito em 1967, a Drª Palowa afirmava: Temos que fazer mais experiências a longa distância para podermos chegar a conclusões definitivas. Mesmo assim, os resultados de nossos testes – realizado numa distância média de 600km, dão muita esperança. No mesmo relatório, ele observa que, curiosamente, o eletroencefalograma sempre registrava a mensagem cinco segundos antes que Nikolaiev a registrasse conscientemente. E, ainda mais imortante, a recepção da mensagem era registrada em diversas regiões do cérebro de Nikolaiev. Por exemplo, quando a mensagem transmitida era visual – um maço de cigarros vazio – a mensagem se concentrava na occipital, a parte atrás da cabeça, isto é, o centro onde normalmente as impressões visuais são registradas. E quando se transmitiam sons, como uma série de zunidos ou sons de flauta, a atividade do cérebro se concentrava na região atrás das têmporas, onde normalmente o cérebro registra os sons.

Os astronautas poderão “falar” com a Terra

A fonte de telepatia, evidentemente, não deve ser procurada na cama da consciência onde se formam as palavras de um idioma, mas numa camada mais profunda. Em 1967, a revista científica Notícias Marítimas informou: “Cosmonautas descobriram que no espaço eles eram capazes de comunicar-se com muito mais facilidade, telepaticamente, do que na Terra. Por isso, no programa de treinamento de cosmonautas foi inserida uma nova matéria: “treinamento psi”.
Os parapsicólogos russos acreditam que a telepatia será a única forma de comunicação possível entre cosmonautas de nosso planeta e cosmonaves de outras terras. E como a distância não parece influir muito na intensidade da mensagem, nem existe um elemento conhecido capaz de barrar o caminho do pensamento telepático, acredita-se que num futuro longínquo só se usará a telepatia entre a Terra e outros planetas. O Dr. Kogan acha perfeitamente possível utilizar a telepatia em vôos espaciais, apontando as vantagens do método:
- Imagine que um rádio pife num vôo espacial. Então, um membro da tripulação só precisará, por exemplo, transmitir o número “5” telepaticamente para a Terra, a fim de comunicar que algo está errado e que a base tem que tomar providências. Kogan também admite a possibilidade de expedições perdidas na Terra transmitirem um SOS telepático. Assim, submarinos conseguiriam entrar em contato com a terra ou com outros navios, já que o rádio comum não funciona debaixo d’água.
Segundo revelou em 1959 a revista francesa Science ET Vie, os americanos já estavam fazendo testes telepáticos entre o submarino atômico Nautilus e a terra. Apesar de o governo americano ter desmentido a notícia, os russos começaram a redobrar seus esforços nesse campo.
- Fizemos pesquisas exaustivas e secretas a respeito da telepatia já na época do governo Stalin. Hoje é a América que está fazendo testes com seus submarinos. Nós já os fizemos antes. É essencial que recomecemos – disse, em 1960, o Dr. Vasiliev, membro da Academia de Ciências da União Soviética e presidente da Faculdade de Fisiologia de Leningrado, que depois se tornou diretor de um laboratório parapsicológico naquela cidade. Na década de 60, os russos reiniciaram seus testes de comunicação entre submarinos e a terra. Cientistas separaram coelhinhos recém-nascidos de sua mãe, levando-os à um submarino que mergulhou até uma considerável profundidade. A coelha ficou na terra, seu cérebro ligado por eletrodos a um EEG (eletroencefalograma). No submarino, em horários pré determinados, os coelhinhos foram mortos, um a um. E a cada vez, o cérebro da coelha mãe, lá na terra, reagia.

Um veículo eficaz de propaganda subliminar?

Diversos cientistas do mundo comunista acreditam que a telepatia pode ser reforçada, da mesma forma que as ondas de rádio. Se isso for realmente verdade, os arquitetos do futuro terão que enfrentar um novo problema: construir casas à prova de telepatia. Será provavelmente uma tarefa difícil, pois os testes feitos até hoje ocorreram sob as condições mais diversas: em salas à prova de radiação, debaixo d’água, a grandes distâncias, etc. Contra todos os tipos de radiação já se inventou uma ou outra proteção, mas não contra a telepatia. A não ser os próprios pensamentos.
As pesquisas de Annie Besant e Leadbeater sobre forma-pensamentos, mostram que pensamentos dirigidos a nós só podem adquirir força se alguma coisa dentro de nós corresponde àquele pensamento. Tudo depende de nossa estrutura parafísica e essa é formada pelo nosso modo de viver, sentir, agir, pensar, que pode (ou não) constituir uma barreira instransponível a tudo que vem de fora.
Em experiências feitas ainda antes da Segunda Guerra, o Dr. Vasiliev provou que é possível influenciar uma pessoa a grande distância, assim que ela caia no sono. E se é verdade que radiações telepáticas podem ser fortalecidas infinitamente, nós não precisamos de muita imaginação para cogitar da telepatia como uma nova arma secreta. O físico polonês Stefan Manczarski chegou a falar da telepatia como meio de propaganda. Seria, segundo ele, um meio de propaganda extremamente eficaz.
Eficaz, sem dúvida e por isso mesmo muito desagradável. Já imaginaram os riscos que a humanidade correria se aqueles que detêm o poder fossem capazes de influenciar diretamente as mentes das pessoas?

terça-feira, 1 de dezembro de 2009





Foto de satélite da cidade de Brasília: como um grande pássaro voando para o Leste.

Brasília,
Uma cidade que revela os caminhos do espírito.


No século passado, São João Bosco teve um sonho-visão que mostrava o nascimento de uma nova civilização no Plano Central do Brasil. Depois dele, outros apontaram Brasília como uma cidade predestinada. Há dois anos, examinando a planta da capital, o professor Ignácio da Silva Telles identificou alguns símbolos esotéricos da tradição antiga. Comemorando os dezoito anos que Brasília completa neste mês de abril (esta matéria é de 1978), Planeta entrevistou o professor, que fala aqui de suas observações sobre o traçado e a arquitetura da cidade.

As cidades são, de certa forma, como as pessoas. Cada uma com sua personalidade. Assim, há as cidades-fortaleza, rodeadas de muralhas, feitas para defender seu povo. Há cidades destinadas à atividades agrícolas. Há cidades de pescadores, como as do Norte da Escócia. Há cidades comerciais, localizadas em lugares de passagem. E há também cidades como Auroville, no Sul da Índia, construída para o cultivo do espírito. Foi em busca desta personalidade que o professor Ignácio da Silva Telles examinou pela primeira vez a planta de Brasília. Com os conhecimentos que adquiriu após muitos anos de estudos espiritualistas, principalmente da cabala judaica e da simbologia nas religiões, ele acredita ter descoberto em Brasília uma cidade predestinada, uma cidade construída segundo a tradição que deu origem às mais altas manifestações culturais da humanidade.
Planeta: Professor, diga-nos alguma coisa sobre a significação dos símbolos que identificou na planta de Brasília. Por exemplo, a forma de avião que se vê no plano- piloto tem alguma coisa a ver com o simbolismo?
Ignácio da Silva Telles: Parece-me que sim. Só que, em vez de forma de avião, prefiro ver naquele desenho um grande pássaro voando. E, repare bem, este pássaro vai voando do oeste para o leste, do ocidente para o oriente. Ora, nas histórias antigas de alta inspiração, em várias civilizações diferentes, o dirigir-se para o oriente significa estar indo em busca de onde o Sol nasce, ou seja, da fonte da luz.

Sim, mas esta posição geográfica da cidade não resultaria de uma simples coincidência?
Talvez sim. Como talvez sejam coincidências o comprimento das asas do pássaro, medindo 15 km de ponta a ponta; e o comprimento do eixo monumental, que seria o corpo do pássaro, medindo 6 km; e também a leve inclinação deste eixo para o sudeste e não apontando rigorosamente para o oriente. E talvez seja também coincidência que entre os dois prédios de 28 andares que se erguem em forma de colunas no conjuntos de edifícios do Poder Legislativo, no solstício de verão, olhando-se do lado de quem vem do eixo, vejamos o Sol nascer e se erguer. Como podem ser coincidências tantas outras coisas, todas rigorosamente correspondentes a símbolos esotéricos. Não pretendo tirar conclusões nem sugerir teorias a respeito. O que faço é apenas apresentar alguns fatos curiosos.
Um pássaro que voa em busca da grande fonte de luz

Você mencionou o comprimento de 15 km das asas do pássaro de Brasília. Que importância tem isso?
Sempre se entendeu que o 15 é o número que representa a máxima energia possível de qualquer potencialidade. No texto do Gênese que se refere ao dilúvio, por exemplo, conta-se que depois de quarenta dias de chuva, as águas haviam subido de tal maneira que chegaram a passar 15 côvados (medida antiga), uma das mais altas montanhas, como que a dizer que estavam com o máximo poder de destruição. E no Novo Testamento, no Evangelho Segundo João, lê-se que Betânia, a cidade em que lázaro Havaí morrido, distava 15 estádios de Jerusalém. O que significa que Lázaro morreu na maior distância possível dessa cidade sagrada. São 150 os salmos atribuídos a Davi e 150 as Ave-Marias do rosário. E o que é o 150 senão o 15 exaltado, 10 vezes multiplicado? O que observamos em Brasília é o grande pássaro voando em busca da fonte da luz, no dia de maior luz do ano (solstício de verão), com a força do número 15 em suas asas.
E o que significa o número 6, dos 6 km do eixo monumental?
No contexto geral do simbolismo de Brasília, o número 6 se refere à nós, seres humanos, nascidos no sexto dia da criação, presos por um lado às solicitações do mundo e, por outro, ansiando por alguma coisa que nem sabemos o que seja – estranha nostalgia que não permite que nosso tumultuado coração se aquiete.
Você se referiu aos edifícios que formam o conjunto onde funciona o Poder Legislativo. Além da beleza de sua arquitetura, o que mais pode nos dizer sobre eles?
Realmente são belíssimos e, de certa maneira, dominam a paisagem na cidade. Vistos em conjunto, apresentam claramente o formato de um símbolo fálico. Aliás, itefálico, isto é, do falus em condição de exercer a sua mais nobre função. Entretanto, não devemos observá-lo pela perspectiva total de uma estreita mentalidade materialista. O erótico desse conjunto arquitetônico, assim colo logo demonstrarei, refere-se ao Eros dos gregos antigos, o impulso energético que impregna absolutamente todas as coisas de todo o universo e em virtude do qual tudo, na criação inteira, se encontra em perpétuo movimento, e que a tudo vai fazendo sofridamente evoluir em busca do retorno ao Princípio, onde tudo foi gerado. É esse Eros a que se refere Dante no final da Divina Comédia: “O amor que move o Sol, e as demais estrelas”. Este mesmo Eros que, no ser humano, deve ser conscientemente cultivado ao mais alto grau, no sentido de se querer amar cada vez mais vigorosamente e cada vez mais alto, até se chegar àquele estado ao qual se dava o nome de virilidade transcendental.

Duas semi-esferas a nos ensinar o que devemos fazer

Mas quais são os motivos que o levam a considerar esses edifícios como símbolo da virilidade transcendental? Por que não aceitá-los simplesmente como símbolos fálicos no sentido freudiano?
Sobretudo por três motivos: O primeiro é a forma de semi-esfrera dos edifícios onde funcionam a Câmara e o Senado. O segundo são os dois edifícios do fundo, que se erguem paralelos e não apenas um, o que seria razoável se se tratasse de um símbolo teramente freudiano. O terceiro é o fato de esses dois edifícios terem, acima do nível do solo, 28 andares.
Explique-nos o primeiro motivo
As duas semi-esferas foram colocadas, uma em relação à outra, em posição contrária: a da Câmara como se fosse aberta para o alto, a outra, a do Senado, para baixo. A primeira, como que a receber dos céus a luz, o calor e as demais vibrações que ainda mal supomos que existem, todas elas em conjunto denominadas de vibrações ourânicas. A segunda, voltada para a terra, como que a receber as vibrações telúricas. Duas semi-esferas a nos ensinar o que devemos fazer: abrir-nos para recebermos as forças da natureza. Lição de primeiríssima importância, sobretudo para nós, deste século 20; nós que tivemos nossas raízes arrancadas e nos mantemos desvinculados da natureza, com todo o nosso ser trancado, recusando-se a receber a influência dos céus e da terra. As duas semi-esferas estão ali para nos dizer que, se de fato queremos sobreviver no áspero mundo de hoje, isto é, se quisermos fazer sobreviver o que ainda resta de humano em nós, se realmente for nossa vontade segurar em nossas mãos as rédeas de nosso destino interior e não permanecer apenas como joguetes de nossos ímpetos menores, devemos procurar nos aquietar, deixando adormecer a turva agitação do mundo lá fora e adormecer também a turva agitação de nosso mundo interior, para então poder seguir a lição das duas semi-esferas, atentando sem pressa para os infinitos céus e para a terra que em nós habitam, auscultando o ritmo cósmico de suas pulsações profundas. Vacate et videte (aquieta-te e conhece), diziam os sábios os sábios antigos de todas as grandes civilizações do mundo. Be quite and know, ecoavam os maravilhosos poetas ingleses do século 17. E então, sem espanto ou susto, muito tranquilamente passaríamos a entender, sem nenhuma explicação, porque o mundo existe e por que vivemos. Esse desenvolvimento interior visa a atingir aquele estágio de virilidade transcendental.

Uma cidade que segue a dança do Sol em seu giro anual

E quanto ao segundo motivo, referente aos dois edifícios, qual q relação que pode haver entre eles e a virilidade transcendental?
Esses dois edifícios estão localizados de tal maneira que, para quem, situado ao longo do eixo monumental, os observa no solstício de verão, vê de madrugada o Sol se erguer exatamente entre eles. Portanto, são esses dois edifícios que deram a direção da principal artéria de Brasília e, por conseguinte, também determinaram a disposição de toda a cidade. Brasília foi construída a partir de uma rigorosa observância dos pontos cardeais e, mais do que isso, da observância também da dança do Sol em seu giro anual pela faixa do zodíaco. Sua posição corresponde, portanto, a um relacionamento preciso com o movimento dos astros no firmamento. Esse critério era o que norteava na Europa, até a Renascença (em certos casos até fins do século 17, como no caso do Palácio de Versalhes), a construção dos edifícios de grande importância para a vida dos povos. Agora, em nosso país, não é apenas um edifício, mas toda uma cidade que assim foi construída.
Sim, mas e quanto à questão da virilidade transcendental propriamente dita?
Vamos à ela: O Trópico de Câncer, no hemisfério Norte e o Trópico de Capricórnio, no hemisfério Sul, são linhas paralelas que dão o limite até onde o Sol chega todos os anos, devido à inclinação do eixo da Terra. Como sabemos, o Sol, ao se aproximar do Trópico de Câncer, faz alongar os dias e diminuir as noites, produzindo o verão no hemisfério Norte e, obviamente, o inverno no hemisfério Sul. Seis meses depois, ao ir chegando no Trópico de Capricórnio, produz o verão no Sul e o inverno no Norte. Essas duas linhas marcam os limites da viagem solar. Ora, se pusermos essas duas linhas em posição vertical, teremos duas colunas. Há outras duas colunas simbólicas na história, como as colunas do primitivo templo de Jerusalém, o templo de Salomão, as colunas de Hércules e ainda as duas portas do templo de Janus, na Roma antiga.

Os 28 degraus que nos levam à plenitude da vida

Mas qual o exato simbolismo das duas colunas? Apenas o limite da viagem solar?
É simples. Se o sol chega até cada uma das linhas, (cada uma das colunas), sem as ultrapassar, assim também a nossa curiosidade intelectual e o nosso ímpeto de alma para uma vida em plenitude não devem transpor os limites impostos pelas duas colunas de nossa vida interior. Essa limitação, porém, implica, por outro lado, na obrigação de se fazer tudo para atingir esses limites, ou seja, no dever de nos desenvolvermos até alcançarmos o marco das duas colunas. Ora, acontece que cada um de nós já nasce com disposições peculiares para esta ou aquela atividade, incluindo-se, entre elas, inclinações para formas diversas de desenvolvimento psíquico. Isso quer dizer que não podemos alargar os limites estabelecidos por nossas colunas interiores, mas dentro desses limites podemos evoluir ao nível máximo. Nas palavras da velha tradição, cada um de nós pode galgar 28 degraus para se desenvolver em direção à maior plenitude da vida. E os 28 andares dos dois edifícios do Legislativo correspondem aos 28 degraus de que nos fala a antiga tradição.
Ainda não chegamos à ligação desses dois prédios com a virilidade transcendental...
Vamos chegar... O desenvolvimento do ser humano, galgando os 28 andares, não se resume na aquisição de mais e mais conhecimentos, aquisição essa que seria apenas acúmulo de erudição, um mero cultivo quantitativo de inteligência. No desenvolvimento verdadeiro a que estamos nos referindo, o principal é o alargamento da consciência e, consequentemente, da sabedoria. É certo que este é um desenvolvimento sofrido, pois para alcançar os bens maiores, precisamos ir renunciando aos menores. Santo Agostinho dizia: “Inquieto é o nosso coração, Senhor, até que repouse em vós”. Somente o conhecimento do bem supremo, ou do belo, ou da verdade, fará desaparecer em nós qualquer solicitação por bens menos altos. Somente a adesão de nossa vontade a esse supremo bem nos libertará completamente de todos os outros. Por essa razão é que Cristo disse: “A verdade vos tornará livres”. E a conquista dessa verdade, desse supremo bem, nada mais é que a conquista da virilidade transcendental. A cultura humana possui muitas histórias que contam a aventura dessa conquista: a dos argonautas em busca de do tosão de ouro; a dos trovadores medievais cantando a luta da princesse lointaine; a dos cavaleiros da Távola Redonda em busca do Santo Graal; à de Ulisses querendo retornar ao trono de seu reino; a de Peleus procurando pelo mundo a deus Tétis; e tantas outras, desde o antigo Egito.

O valor secreto do homem é sempre infinitamente amplo

E por que são 28 os degraus dessa iniciação?
Não me é possível responder frontalmente a esta pergunta, assim como eu seria incapaz de explicar o que entendo numa sonata de Mozart. São realidades que, mesmo quando compreendidas, permanecem além do reino da razão humana e, portanto, fora do alcance das palavras. Para se entender música, é preciso além do sentido da audição, que se tenha também ouvido musical. Da mesma forma, para se entender a siginificação verdadeira dos símbolos esotéricos, é preciso, além da faculdade racional, que se tenha um especial “ouvido” para os símbolos. E entre os símbolos, os números têm especial importância. Sobre o 28, então, posso dizer algumas poucas coisas. Por exemplo, que ele é o produto de 4 vezes 7. E 7 é o número da realização plena. O sétimo dia é o que vem depois da criação; e Henoch, o sétimo dos varões no Gênese, andou nos caminhos do Senhor e foi arrebatado aos céus. E o 4? Bem, temos que vencer os 4 elementos para chegar à 5ª essência; que absorver 4 formas de conhecimento; que passar pelos 4 batismos; o da terra, o do fogo, o do ar e o da água. O 4 indica etapas à serem vencidas. 4 vezes 7 quer dizer então, que de 4 formas diferentes, devemos chegar ao 7 para atingir a realização total do Homem verdadeiro em 28. Além disso, 28 também é o valor secreto de 7. Qualquer número, além de seu valor próprio, possui um valor secreto. O número 5, por exemplo, em seu valor próprio é mais que 4 e menos que 6. Porém, o 5, para ser 5, precisa necessariamente que 1 exista, em toda a sua virtualidade e mais o 2, o 3 e o 4. Ora, somando-se todos os números anteriores e mais o próprio, obtêm-se o que era chamado, na doutrina da tradição, o valor secreto do número. Assim, o valor secreto de 5 é 15 e o de 7 é 28. Do mesmo modo que os números têm seu valor secreto, nós também o temos, somando-se os fatores que contribuíram para que agora nós sejamos o que somos. Em verdade, infinito é o número de fatores que nos produziram, pois que podemos remontá-los a partir da história próxima de nosso ambiente familiar e social até a mairs remota antiguidade do ser humano emergindo da animalidade e assim por diante, até a formação do sistema solar e mesmo infinitamente mais distante. Portanto, nosso valor secreto nos aponta para uma meta no infinito diante de nós. E realmente, nossa meta verdadeira é bem além de todo o pensar, de todo o imaginar e de todo o querer consciente. Nós somos um inseto em busca do Absoluto. Os 28 andares, enquanto valor secreto do número 7, procuram acordar em nós reflexos adormecidos de nossa verdadeira fisionomia humana, confusas e apagadas lembranças do que realmente valemos. Espantosamente nos dias de hoje, Brasília é mais uma vez o pronunciamento da velhíssima lição, que tão raramente conseguimos aprender:

Todo nosso saber é saber Deus.
Todo nosso pensar é pensar Deus.
Todo nosso querer é querer Deus.
Todo nosso amar é amar Deus.
Todo nosso viver é viver Deus.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Os loucos não são loucos. Eles vêem o mundo dos espíritos.

Durante 16 anos, um psiquiatra americano observou as alucinações dos doentes mentais, para concluir que OS LOUCOS NÃO SÃO LOUCOS. ELES VÊEM O MUNDO DOS ESPÍRITOS.

Pesquisa e texto de Olavo de Carvalho

Existe uma crença geral de que o louco vive num mundo seu, particular e fechado e vê coisas a que ninguém tem acesso. Mas o psiquiatra americano Wilson van Dusen, anotou, durante 16 anos, as narrativas das alucinações de doentes mentais e demonstrou que todos eles vêem basicamente a mesma coisa: espíritos. “Todos os delírios”, afirma Van Dusen, “são iguais e não são amontoados caóticos de visões e palavras, mas a descrição organizada de um minudo invisível, fantasticamente coerente.” Este mundo invisível corresponde, ponto por ponto, ao “mundo dos espíritos” descrito pelo teólogo sueco Emmanuel Swedenborg, no século 18 e não é exclusivo dos doentes mentais. Existe potencialmente em cada um de nós e, para ficar louco, basta afrouxar o controle da vontade e permitir que os espíritos qdquiram existência independente. Uma vez “despertos”, eles anulam a vontade do doente e passam a persegui-lo, a atormentá-lo e o obrigam a fazer todo tipo de coisas sem sentido aparente. Por isso, a maioria das pessoas jamais os vê. Só os médiuns e clarividentes notáveis, como o próprio Swedenborg, conseguem penetrar nesse “outro mundo” e depois voltar sadios e fortes para desempenhar suas tarefas na vida corrente. Para os outros, é quase sempre uma viagem sem retorno. O Dr. Wilson van Dusen trabalhou e fez experiências no Mendocino State Hospital, da Califórnia, considerado uma das melhores instituições psiquiátricas dos Estados Unidos. Ele já conhecia os escritos de Swedenborg e ficou chocado com a semelhança entre a descrição do mundo dos espíritos pelo teólogo sueco e as alucinações dos doentes. A hipótese de que o próprio Swedenborg estivesse louco, foi afastada logo de início, porque uma vida tão produtiva e equilibrada quanto a dele seria impossível sob a pressão de uma doença mental e também porque os pacientes temem suas experiências interiores e fogem delas, enquanto Swedenborg se deixava deliberadamente possuir pelos espíritos, para poder descrevê-los, interrompendo as experiências quando queria. Além disso, o próprio Swedenborg deixara muito claro que ninguém deveria buscar um contato com o mundo dos espíritos se não estivesse preparado para sair dele e retomar suas atividades. Normalmente este mundo permanecia fechado (as pessoas ignorando a existência dos espíritos e estes ignorando a existência das pessoas) e só se abria durante a loucura, quando a barreira da consciência era enfraquecida e quebrada.

Uma barreira que só se abre com a loucura

Na época de Swedenborg não havia nenhum conhecimento sobre esquizofrenia, mas ele teve uma intuição maravilhosa sobre o processo dessa doença, ao declarar que a quebra da barreira consciente ocorria quando a pessoa começava a dar demasiada atenção às próprias fantasias, por ser demasiado orgulhosa para buscar as satisfações normais da vida ou por não desejar mais ser útil socialmente. Hoje a ciência reconhece que a fuga da responsabilidade social é um componente fundamental da esquizofrenia e que aquisição de um papel útil na comunidade pode ser um caminho para a recuperação. Assim, Van Dusen concluiu que valia a pena investigar mais a fundo as hipóteses de Swedenborg e adotou para isso, um método puramente descritivo, observando e descrevendo as alucinações sem julgá-las, aceitando a palavra dos doentes que viam nelas a pura verdade.

Dois tipos de vozes: de nível baixo e de nível alto

Após coletar um volume impressionante de depoimentos, o Dr. Van Dusen notou que as diferenças entre as alucinações de alcoólatras, esquizofrênicos, epiléticos e drogados eram mínimas, se comparadas às semelhanças. Quase todos eles contam ter tido contatos com figuras ou personagens de “um outro mundo”, que irrompem em suas vidas repentinamente, atormentando-os, falando o tempo todo, fazendo ameaças e promessas e alterando seu comportamento. Embora ninguém mais os veja, esses personagens surgem para os doentes como dotados de existência real, independente da sua vontade. Referem-se a eles dizendo “eles”, “os outros”, “as vozes”, “os espíritos”. No entanto, nenhuma das figuras têm uma identidade precisa: adotam a forma de uma pessoa, logo em seguida de outra, desaparecem repentinamente ou então deixam de ter formas e passam a ter somente vozes, de modo que é impossível “pegá-las”. Há momentos em que o paciente não distingue mais entre ele mesmo e os espíritos, tão enfraquecida está a sua vontade. E em algumas dessas ocasiões, o espírito “conversou”diretamente com o Dr. Van Dusen. “Logo descobri”, afirmou van Dusen, em depoimento prestado à revista holandesa Bres, “que existem dois tipos de experiências nesse sentido e também dois tipos de vozes: vozes de nível baixo e de nível alto. As de nível baixo parecem vozes de bêbados que gostam de amolar os outros num bar. Elas propõem ações degradantes e, quando o paciente obedece, elas o xingam. Procuram achar um ponto fraco na consciência do paciente e começam a atacar esse ponto sem parar. Às vezes “roubam” recordações ou idéias da memória do doente, anunciam que ele vai morrer logo ou o induzem a fazer coisas idiotas, como ficar com o braço levantado, ameaçando-o de coisas terríveis se ele não fizer e rindo dele quando obedece. É uma coisa horrível, pois o paciente não tem alternativa.”
“Às vezes, prossegue Van Dusen, os espíritos tentam se apoderar de uma parte do corpo do paciente, um olho, uma orelha e ele então perde o controle dessa parte ou jura que ela não lhe pertence. Caso contrário, eles o perseguem, anunciando sua morte ou ameaçando causar dores, que realmente ocorrem, só para mostrar sua força. Um paciente viu uma corda descendo do nada, enquanto ouvia vozes que discutiam a melhor maneira de enforcá-lo”. O vocabulário e as idéias destes espíritos são limitados, eles não tem raciocínio lógico, muitas vezes nem memória própria. Mas segundo os espíritos mais altos, afirma Van Dusen, a tarefa dos espíritos de baixo nivele precisamente revelar as fraquezas da pessoa e isso eles fazem com uma paciência insuperável. Eles persegue o paciente repetindo sempre as mesmas coisas (m deles repetiu durante meses somente a palavra “olá”) e para isso não é preciso mesmo muita inteligência. Parecem estar presos às partes mais inferiores da mente do paciente, nunca mostrando um pensamento individual de nível mais elevado. Outra característica permanente dos espíritos de nível baixo é sua ausência de religiosidade. Eles procuram atrapalhar de todas as maneiras as práticas religiosas do paciente e alguns até afirmam provir diretamente do inferno. Quando o Dr. Van Dusen perguntou a um paciente totalmente possuído por uma dessas vozes, se era um espírito que falava por ele, a voz respondeu: “O único espírito que conhecemos é o das garrafas”.
Uns tagarelam sem parar, outros falam por símbolos
As alucinações com espíritos de ordem superior são mais raras. Um dos pacientes de Van Dusen tinha sido perturbado durante muito tempo por espíritos que discutiam o melhor modo de matá-lo. Um dia ele viu uma luz, grande como o Sol e soube imediatamente que esta luz era de ordem superior, porque ela o respeitava, se retirava sempre que ele sentia medo; ao contrário dos outros, que o atacavam com mais intensidade justamente quando ele ficava com medo. Ao contrário dos de ordem inferior, que tagarelam sem parar, os espíritos superiores só se comunicam através de símbolos, que às vezes escapam à compreensão humana. Parecem, diz Van Dusen, residir na camada do inconsciente, estudada por Jung, enquanto os espíritos inferiores estariam na camada dos instintos, estudada por Freud. “Aprendi”, conta Van Dusen, “a ensinar os pacientes a se aproximarem da ordem superior, porque os espíritos desta camada procuram fortalecer os valores da individualidade. Aconselhei aquele paciente a aproximar-se do Sol que havia visto e ele foi penetrando num mundo de novas experiências luminosas, que de certo modo lhe davam mais medo que o tagarelas idiota das vozes assassinas. Numa alucinação, ele estava estendido no chão ao longo de um caminho que tinha uma porta no fim. Atrás desta porta, ele sabia que estavam trancadas as forças do inferno. Ele estava a ponto de abri-la, quando apareceu uma figura imponente, que o aconselhou, através de telepatia, a deixá-la fechada e a acompanhá-lo a uma região onde ele teve outras experiências, que o ajudaram a sarar. Em outro paciente, as forças superiores se manifestaram através da figura de uma linda mulher. O paciente era um encanador com um curso secundário e a visão mostrou possuir conhecimento de mitos e religiões num nível superior ao da capacidade de compreensão do paciente.

O que querem esses espíritos?
“Sugar e dominar o mundo!”


“Alguns pacientes”, continua ele, “têm durante certo tempo experiências inferiores e superiores e se sentem presos entre o céu e o inferno. Outros têm somente experiências de nível inferior. Os superiores declaram que podem dominar os inferiores e de vez em quando mostram que isso é verdade, mas nunca na intensidade que os pacientes desejam: só na medida em que o próprio paciente se identifica com a ordem superior, perdendo o medo, é que os inferiores são dominados e calam-se. Essas narrativas apresentavam uma notável semelhança com as raras passagens da Bíblia sobre a obsessão, de modo que meus pacientes tinham as mesmas experiências que outros haviam tido milênios atrás.”
“A obsessão continua”, continua Van Dusen, “ocorre quando os espíritos são libertados, deixam de ser inconscientes e adquirem uma percepção de si enquanto entes separados. Embora se revelem sempre não religiosos, estou convencido de que a prática religiosa, em si, não é suficiente para dominá-los. Uma atividade socialmente útil ou a caridade efetiva ajudam muito mais.” Do mesmo modo, o mecanismo de obsessão observado por Van Dusen coincide plenamente com a descrição de Swedenborg, segundo o qual a obsessão estava instalada no momento em que os espíritos emergiam da sua prisão nas trevas e se tornavam conscientes enquanto seres separados. Nas observações de Van Dusen, há sempre um momento em que os espíritos começam a agir independentemente da vontade do paciente e, em seguida, o dominam mediante ameaças, chantagens, promessas e perseguições, até que o doente perde toda vontade própria. Certa vez, Van Dusen perguntou a um paciente, durante uma alucinação, o que queriam os espíritos. “Lutar, sugar, dominar o mundo”, respondeu a voz, acrescentando que para isso recorrem a todo tipo de estrategema.
“O Homem”, escreveu Swedenborg, eu seu livro Arcanos Celestes, “não faz coisas ruins e falsas por si mesmo: são os espíritos maus que cometem essas ações e o fazem acreditar que foi ele quem as fez. E, pior, quando o Homem realmente começa a acreditar na própria culpa, eles o acusam e condenam”. Van Dusen notou ainda que os espíritos induzem a pessoa a cometer asneiras e em seguida a fazem acreditar na própria culpa e praticar absurdos rituais autopunitivos. Do mesmo modo como uma diferença fundamental entre espíritos superiores e inferiores reside na infinita riqueza criativa dos símbolos criados pelos primeiros e na pobreza mecânica e repetitiva das falas dos segundos, Van Dusen observou também que os espíritos inferiores, além de não terem nenhum respeito pela individualidade do doente, ainda o trata como se fosse um autômato, uma máquina e procuram convencê-lo de que não passa de um objeto mecânico movido de fora.

A influência silênciosa que só reforça os homens

A observação coincide integralmente com a afirmação de Swedenborg em seu Diário Espiritual: “Por isso as pessoas andam por aí como máquinas. Aos olhos dos espíritos elas não são nada. Quando eles conhecem uma pessoa, que é um ser humano e também um espírito, acham que é uma máquina sem vida. Por seu lado, o Homem não esclarecido também vê o espírito como se fosse uma nada.” Paralelamente, o conteúdo das falas dos espíritos inferiores parecia estar limitado à memória do paciente, enquanto os espíritos superiores demonstravam conhecimentos que ultrapassavam tudo o que o paciente sabia. Swedenborg afirmava que os espíritos inferiores tinham perdido a memória ao morrer e tinham que se apoderar da memória do paciente, enquanto os espíritos superiores, embora não sendo divinos em si mesmos, transmitiam um conhecimento de ordem divina. Van Dusen também acha que os espíritos inferiores procuram inserir-se neste mundo apoderando-se de uma pessoa parecida com o que eles foram em vida, obedecendo, portanto, a uma lei de afinidade. Isto explica, segundo Swedenborg, porque o paciente acredita ter cometido atos que na realidade nunca praticou. Nestes casos, o espírito tem um domínio total sobre o paciente, que simbolicamente, morre, para o outro passar a viver em seu corpo. A necessidade do espírito inferior de apoderar-se do corpo explicaria também os casos de relações sexuais com espíritos, abundantes na literatura medieval e em alguns rituais primitivos, como o vodu haitiano. Já o espíritos superiores não mexem com o físico do paciente, só se comunicam através de símbolos. Esta influência é silenciosa e seu aparecimento é muito mais raro, na proporção de um para cada seis alucinações, segundo Van Dusen. Na conclusão de seu estudo, Van Dusen afirma: “Tive sempre a impressão de que os espíritos, bons e ruins, representam dentro do paciente certas forças inconscientes. A parte infernal mostra suas folhas pessoais, sua bitolação e sua estupidez. A parte celestial representa seus dons superiores – latentes e raramente usados. Alguns espíritos são muito mais inteligentes, outros, muito mais estúpidos que os pacientes. Parecem ser forças não-realizadas, não- vividas e que por isso causam confusão e mal. Uma paciente muito piedosa via cenas imorais; um ladrão e bêbado, negro, via uma história linda e comovente sobre o heroísmo dos grupos minoritários. O mundo dos espíritos se parece muito com as descrições de Swedenbor; ele é realmente o céu e o inferno no nosso inconsciente. São mundos que existem ao mesmo tempo fora de nós e dentro de nós.

terça-feira, 26 de maio de 2009

A Ponte Sonora entre Oriente e Ocidente

É impossível falar de música New Age sem citar o japonês Kitaro, um dos mais puros representantes do gênero. Toda a sua obra, dedicada à criação de harmonia e paz no planeta, reflete um contato íntimo com a Natureza. Em turnê mundial para o lançamento do CD Mandala, Kitaro esteve no Brasil no final de 1994.

Deva Sethu ou Masanori Takahashi – esses nomes – (o primeiro de sannyasin, o segundo oficial), tem sua síntese em Kitaro, o mago dos sintetizadores, o papa da New Age, a ponte entre os deuses e os homens, que é o significado do nome dado por Bhagwan Shree Raneesh (mais tarde conhecido como OSHO), a um de seus discípulos prediletos em todo o mundo. Um dos poucos a quem ele telefonava pessoalmente e que o ajudou muito, com apoio financeiro e criativo, no seu projeto de um ashram contemporâneo. Aquariano, 04 e abril de 1953, Serpente no horóscopo chinês, Kitaro vem encantando platéias de todas as idades há mais de 30 anos. Sua fama veio depois da trilha para um documentário da TV japonesa sobre a rota da seda, (Silk Road). Depois de vender milhões de discos, Kitaro entrou em retiro no monte Fuji, afastou-se de todos os mestres e foi buscar seu mestre na própria Natureza. Já tocava os tambores neste monte, numa cerimônia anual iniciada por ele mesmo, uma espécie de nova tradição. Ficava ali dias e dias sem comer ou dormir, tocando sozinho, até quase se consumir. Nessa hora, virava um dragão, segundo quem já assistiu ao ritual. Numa dessas noites, Kitaro resolveu sair do Japão e foi morar nas Montanhas Rochosas, no Colorado, (EUA). Lá, há 4.500 metros de altura e a uma temperatura de -25°C, ele constituiu uma nova família musical, com uma banda jovem, um brilhante produtor, (Gary Barlough, que trabalhou com Jon Anderson, Pink Floyd e Yes) e seu sócio no empreendimento americano, Eidhi Naito, amigo e empresário. Logo depois era chamado por Oliver Stone para criar a trilha de Entre o Céu e a Terra, belíssimo filme que encerra a trilogia de Stone sobre a cultura americana e a guerra do Vietnã. Com este trabalho, Kitaro entrou na cultura de Holywood, ganhando o Globo de Ouro de melhor trilha de 1994. Apesar de toda a sua riqueza, (seu estúdio nas Montanhas Rochosas pode abarcar um estádio de beisebol), Kitaro gosta de isolamento, silêncio e do respeito pelo seu processo de criação. Mas não faz isso por estrelismo; ao contrário, ele é extremamente humilde e me contou na suíte do seu hotel cinco estrelas em São Paulo (onde se hospedou para duas apresentações na capital paulista, no final de 1994), que não gostava de lugares luxuosos e sempre viajava com um “sleeping bag” (saco de dormir) para dormir onde quisesse. Nesta entrevista, ele fala um pouco da música, de seu processo criativo e religioso e de como sente sua missão – segundo ele, criar harmonia e paz, “curar” o planeta.
Como você se coloca como ser humano e músico?
Sei que a qualquer momento posso morrer. Por isso, em todos os momentos, seja falando, tocando, faço tudo 100% inteiro. Ir além do corpo humano é muito difícil. É como um estado de transe. Depois deste estado de transe, é a Grande Morte.
Do que se constitui sua dieta?
Fui vegetariano muitos e muitos anos. Hoje eu como de tudo, bebo algum álcool, mas controlo meu corpo e meu ser, além dos meus estados psicológicos. O elemento mais importante é que eu vivo numa grande altitude. Isso significa que o oxigênio é mais refinado e isso mantém a mente clara. A altitude tem muitos méritos. No Japão eu também vivia nas montanhas. Mas alimentação natural é essencial. A grande altitude, vivida na natureza, é o melhor antídoto contra qualquer ilusão. Os instrumentos musicais vem da Natureza, ela nos deus todos os elementos do som e dos instrumentos. Precisamos apenas nos afinar com estes instrumentos musicais e sua vibração e fazer com que as pessoas que os ouvem sintam o mesmo. Este é o meu sonho. Imagino um momento em que todos, ao mesmo tempo, bateriam palmas. Todos juntos, em uníssono, ao mesmo tempo. Se pudéssemos fazer isso juntos, talvez não houvesse mais guerras, mais necessidade de lutar. Hoje temos muito sofrimento no mundo. Eu não sei nem quantos países nesse momento estão em guerra. Temos de fazer alguma coisa. Eu tento através da música, essa é minha missão.
Você teve mestres, gurus, inclusive foi discípulo de Rajneesh (OSHO). Como você realiza esta noção de render-se a um mestre? Muitas pessoas não entendem que o importante é o movimento do discípulo e então o milagre acontece. Como foi para você?
Foi no começo dos anos 70, em Poona, na Índia. Mas hoje, tudo mudou ali. Eu não estou mais certo de que o espírito de Bhagwan e seu trabalho estão ainda lá. Baghwan foi meu amigo, como um tio, um parente e ele falava comigo sempre, me telefonava, até que ficou doente física e psicologicamente. Antes o ashram e as pessoas eram diretamente conectadas com Bhagwan (Kitaro comenta sobre o novo nome, OSHO, para designar o mestre e diz que nunca conseguiu “sentir” este nome) e depois passou e depois passou a haver “intermediários”. Hoje Baghwan não está mais aqui, mas podemos tocá-lo em qualquer parte, diretamente.
Ele falou alguma coisa especialmente importante para você?
Ele falou sobre minha missão. Meu nome é Deva Sethu, e Sethu quer dizer “ponte”. Conectar Ocidente e Oriente. Conectar pessoas a pessoas. Esta é minha missão, minha música. Nos últimos 20 anos é o que eu tenho feito! Ele disse: “Você vai para o mundo. Vá! Toque!” Outros mestres budistas me disseram o mesmo em outros templos e altares. E em Santa Fé, no Novo México, (EUA)um xamã me disse que se eu parar, vou morrer. Eu tento morrer a morte abençoada, meu corpo não é mais meu... A experiência é importante, qualquer experiência é importante neste planeta. A mestra coisa é vivida pelos mestres, só que eles tem a técnica de ensinar a liderança. Meu mestre é a Mãe-Natureza, ela é tão forte! Vivo a 4.500 metros de altura e às vezes a temperatura é de -50°C! É o mesmo quando toco os tambores: quero estar no limite todo o tempo. Eu não sei quanto tempo mais estarei aqui, mas já entreguei e entrego sempre minha existência quando toco. Quando não tiver mais a limitação deste corpo, poderei estar em toda a parte, como uma vibração.
Mas você sabe que o Budismo descreve o pós-morte demaneira não muito agradável. O Bardo Thodol, por exemplo, fala do medo da alma, das visões e sons aterradores...
Não, eu aprecio este corpo e sou muito agradecido a meus pais por me terem concebido, mas é a questão do elemento terra. O corpo sente tudo, demais. Gostaria de estar mais diluído.
Como você vive? É casado, vive só ou com amigos?
Eu não sei! Não gosto de ter alguém que controla meus momentos, minha vida. Vivi muitas emoções, conexões e acho que emoções e conexões são parte do destino. E ninguém conhece o destino. Eu vivi intensamente, mas neste momento não sei de nada, continuo aprendendo. Bhagwan talvez saiba de tudo... Eu gosto de, no caminho do aprendizado, olhar, sentir. Mas se o outro não é capaz de entender tudo, não precisamos ficar juntos. Por isso ela se foi (referência a uma amiga japonesa, também compositora, que havia chegado com Kitaro ao Brasil, mas que foi embora no terceiro dia, misteriosamente).
Você está usando instrumentos napaleses, tibetanos, chineses e africanos, percussão árabe e ao mesmo tempo, solos de guitarra em seu trabalho. Por que está utilizando elementos de rock no show? Para atrair mais pessoas? Se você trabalha com mulheres grávidas, faz um tipo de som; se faz um pop star show, é outro tipo. Como você sente isto por dentro?
Se decidimos fazer terapia, não precisamos do show. Quando é show, é entretenimento. Em matéria de som, muda muita coisa. Eu fala para a minha banda: “Isto é entretenimento, não é terapia, nem workshop de cura”. Mas nossa energia vai para a audiência – e esta é a terapia, a energia indo lá. Porque atrás deste show business nós colocamos nossa energia espiritual. Nosso show não é só auditivo ou visual, é um show espiritual.
Após o show, todos elogiam e destacam o espírito de unidade do seu grupo. De que maneira você consegue manter isto?
Todos os dias eu converso com eles, antes do show, em todos os movimentos. Este é meu trabalho: tocá-los, senti-los como uma banda. Todos são muito jovens, uma média de 25 anos. É como eu posso ensinar alguma coisa: o que é show business com entrega espiritual, como se concentrar, etc. ao mesmo tempo, essa é a minha família, meu grupo de performance e eu espero que ele cresça mais.
O que você faz durante o show se, por exemplo, sentir que algum músico do grupo “se perdeu”?
Isto não tem importância porque cada momento tem um movimento e, se temos o mesmo movimento, então perder-se não é uma coisa tão vital. Se o movimento for oposto, então tenho de fazer alguma coisa. Como um capitão, basta dizer: “Venha, volte”. Minha banda está começando agora, com esta turnê e eu espero muito deles, como uma nova geração fazendo música.
O que você acha da expressão New Age? Porque ela foi muito mal usada... Eu tentei escapar disto no Brasil e foi impossível; daí resolvi me assumir como uma “new new age”...
Começamos a categoria musical “new age”, quatro ou cinco músicos: Vangelis, George Winston, Andreas Vollenweider... Mas nós tínhamos este estilo de vida. Winston se focalizava na Natureza, nas estações do ano, como outono, inverno. Mas hoje todos usam os mesmos sintetizadores, soando como jazz... Não posso sentir nenhuma filosofia, nenhum estilo de vida nos músicos atuais. Cada artista deve ter sua filosofia e estilo de vida. E a música deve ser baseada na sua própria vida. Isso é importante. Em geral, quando se sampleia (Sampler é um teclado que reproduz os sons reais dos instrumentos acústicos), corta-se mais o alto e o mais baixo destes níveis de freqüência. Hoje toda uma tecnologia está destruindo o espírito do artista. É uma tecnologia “barata”. Muitas pessoas nem sentem, mas eu sinto. Eu preferia o vinil a essa limpeza do CD. São instrumentos produzidos em massa, para consumo e soam pobres. E músicos usam estes instrumentos e produzem discos. É muito fácil e o som parece melhor que o vinil, mas não é. Pode comparar: até sons de guitarra estão piores, porque não há bons microfones. A gravação analógica (típica do vinil) funciona de um jeito e a digital de outro. Se pudéssemos ver num microscópio, notaríamos que são totalmente diferentes. Sons analógicos são ondulados e suaves e os digitais são sons quadrados. Algumas companhias deverão iniciar uma era além do vinil, além do CD. Eu espero. Porque os CDs estão piorando. Mas o problema é a fonte da música, com instrumentos “baratos”.

“Raneesh (OSHO) foi meu amigo, como um tio, um parente e falava comigo sempre, até que ficou doente física e psicologicamente.”
“A altitude tem muitos méritos. O oxigênio é mais refinado e mantém a mente clara. No Japão eu também viva nas montanhas”.
“Meu mestre é a Mãe-Natureza; ela é tão forte! Ela nos deu todos os elementos do som e dos instrumentos.”
“Hoje temos muito sofrimento no mundo. Nem sei quantos países neste momento estão em guerra. Temos de fazer alguma coisa.”
“Eu preferia o vinil à essa limpeza do CD. Algumas companhias deverão iniciar uma era além do vinil, além do CD.”


Por Mirna Grzich

sábado, 11 de abril de 2009

A força do amor incondicional

Em “Curando com amor (Cultrix), o médico americano Leonard Laskow apresenta um novo modelo de cura baseado, sobretudo, na força do amor. No livro, do qual publicamos aqui um excerto, Laskow fornece os meios para que Oe leitor possa concentrar e transferir conscientemente a outros indivíduos esta poderosa energia curativa.
Psicólogos como Erich Fromm e poetas como Walt Whitman e Elizabeth Barret Browning escreverem de modo sublime sobre o amor. A força do amor também foi explorada por médicos como Bernie Siegel, em “Amor, Medicina e Milagres” (Best Seller) e Deepak Chopra, em “Saúde Quântica” (Best Seller). O fato de que tantos autores, de todas as atividades e profissões, tenham escrito sobre o amor, atesta o seu grande poder universal. Em “Feminilidade Perdida e Reconquistada” (Mercuryo), Robert A. Johanson escreve:
“O sânscrito, base da maioria das línguas indianas orientais, tem 96 palavras para amor... O inglês tema apenas uma. O inglês não tem a amplitude, o alcance, a diferenciação para o feminino e para as experiências do sentimento que tem o sânscrito... Se tivesse, existiria uma palavra específica para usarmos em nossa apreciação de pai, mãe, pôr- do-sol, esposa, casa, amante ou Deus. Ter apenas uma palavra para aplicar a todos estes níveis de experiência dificulta a nossa compreensão da complexidade da nossa vida interior e de nossas emoções. A língua esquimó tem 30 palavras para neve. Isto reflete a necessidade de clareza numa relação complexa com a neve. Quando estivermos interessados em uma relação... como os esquimós estão com a neve, certamente desenvolveremos uma linguagem diferenciada e focalizada para essa dimensão de nossa vida.”
Para analisar as maneiras como o amor se relaciona com a cura holoenergética, preciso enfatizar o amor incondicional, que vai além de julgamentos e comparações e tem um efeito extremamente poderoso no processo de cura. O poder do amor incondicional se manifesta em muitas áreas da nossa vida. Lembro-me de algo que li em 1987, sobre o jogador Sleepy Floyd, do Golden State Warriors. No início do quarto tempo da partida de desempate da Associação Nacional de Basquete (NBA) o Warriors estava perdendo para o Los Angeles Lakers por 14 pontos. Quando o tempo começou, Floyd olhou para as arquibancadas e viu um cartaz: “Ganhe ou perca, nós te amamos”.
“Aquilo me tocou”, disse Floyd. “Eu senti que precisava dar tudo o que tinha... Não pensava nos pontos. Simplesmente joguei instintivamente e a multidão entendeu isso”.
Sleepy Floyd chegou a marcar um placar recorde de 29 pontos, o qual deu a vitória ao Warriors. A aceitação e o amor incondicionais dos fãs o sensibilizaram no mais profundo de seu ser, disparando em Floyd uma fonte de energia e força que lhe permitiram atingir o seu maior momento e o melhor escore individual de pontos num único tempo na história do basquete profissional.
O amor como força de cura - O novo modelo de cura que apresento aqui se baseia no amor, na expansão da consciência e no poder que advém de uma escolha consciente de mudar. Ele nos fornece direções e meios para que possamos concentrar a energia do amor conscientemente e para transferi-la intencionalmente para outras pessoas, ou a uma área determinada do nosso corpo, com efeitos tangíveis que podem ser sentidos e também medidos em laboratório.
O amor pode assumir muitas formas, mas sua essência é o relacionamento. Podemos conscientizar-nos deste relacionamento ou não-separação, que sempre existe. Podemos experimentá-lo e senti-lo como um impulso na direção da unidade e podemos expressá-lo através de nossas ações. O amor é a energia de cura mais poderosa e o catalisador mais potente para transformação. A fonte da maioria das doenças está em nossa incapacidade para amar a nós mesmos ou para receber o amor de outros. Nossas dificuldades com o amor frequentemente resultam de experiências ou percepções de traição, abandono, humilhação ou rejeição que tivemos já na mais tenra infância e nos conduziram a sentimentos de demérito, vergonha e culpa. Estes sentimentos arraigados têm como conseqüência uma sensação de separação do Eu, eo próprio corpo e espírito e de outras pessoas. Enquanto esta separação sentida pode inicialmente ser o esforço da psique para defender-se do medo, do isolamento e do sofrimento, no fim se torna a fonte de sentimentos continuados de separação, alienação e ansiedade. Quando a doença se manifesta no nosso ser, podemos escolher entre permanecer atentos aos sintomas e ao tratamento, ou podemos ir à origem da desordem e transformá-la. Isto implica “entrar dentro de nós”, naquela parte do nosso ser que conserva o sentido de separação, do isolamento e do sofrimento. Tradicionalmente, a medicina ocidental (alopática e homeopática) deixou para os psicoterapeutas e para o clero a tarefa de chegarem à origem da doença. Em psicoterapia, descobrir a informação essencial e liberá-la muitas vezes requer uma terapia prolongada. Na cura holoenergética, porém, entendemos os sintomas, as causas intermediárias e as fontes mais profundas da aflição e da doença como padrões holoenergéticos ou holoformas, localizados dentro e em torno do corpo-mente. Depois de alcançar energeticamente esta informação essencial e de experimentá-la, precisamos reconhecê-la conscientemente. Para admitir a origem de uma desordem como separação percebida, há necessidade de que entremos em ressonância com ela, de que nos tornemos unos com ela e que aceitemos a verdade de existência. Podemos então assumir a responsabilidade por termos contribuído para a existência da doença, em virtude de nossa perspectiva no momento em que formamos a crença básica. Em outras palavras, se na infância você formou a crença de que não merecia ser amado, deverá assumir a responsabilidade por ter criado essa crença devido à sua limitada compreensão de você mesmo e dos outros naquela época. Uso a palavra responsabilidade não de uma maneira moralista ou como julgamento, mas para identificar uma habilidade específica que todos temos. Infelizmente, interpreta-se a responsabilidade como o significado de “Sou culpado pela doença que tenho; eu a causei”. Na cura holoenergética, entretanto, responsabilidade significa a capacidade de ser responsável e de compreender e aceitar a nossa contribuição para o nosso mal, sem auto-culpa e sem autojulgamento. Não é o que os outros nos fizeram, mas o modo como respondemos que é nossa “responsabilidade.” Aceitar a responsabilidade é uma grande experiência de grande enriquecimento. Quando assim procedemos, toda doença ou revés – e toda cura - torna-se uma fonte de auto-descoberta; outro passo na jornada da transformação.
Sintomas, causa e origem – Na cura holoenergética, é importante distinguir entre sintormas, causas e origens de uma doença. No resfriado comum, por exemplo, os sintomas podem incluir coriza, tosse e febre. Na medicina ocidental moderna, tratamos principalmente os sintomas: tomar um descongestionante, um xarope ou um remédio homeopático. Obviamente, ainda não estamos chegando à causa ou origem. Descobrimos recentemente que o resfriado comum é “causado” por um vírus. Pesquisas posteriores revelaram que mesmo quando estamos bem, abrigamos vírus. Portanto, os vírus, em si e por si mesmos, não podem ser considerados a única causa dos resfriados. Se o funcionamento do sistema imunológico está comprometido, os vírus que estão sempre presentes, parecem emergir e atacar. Assim, a causa real de um resfriado pode ser a condição do sistema imunológico. Entretanto, mais recentemente, aprendemos que as tensões comprometem este sistema. Desta forma, não seriam as tensões a causa real? Mas há mais... Agora estamos descobrindo que o medo de perder o controle está na raiz da maioria dos casos de tensão. Assim, será talvez este medo a causa real? Os laços causais continuarão crescendo em complexidade até atingirmos o que chamamos, na cura holoenergética, a origem de uma doença.
O primeiro nível da origem – O primeiro nível da origem consiste em percepções e interpretações de eventos que estabelecem um padrão holográfico de crenças, pensamentos e sentimentos. Chamo esses modelos de holoformas, porque dão forma às entidades holográficas, as quais têm a sua própria ordem e freqüências naturais de vibração. Essas entidades têm a capacidade de levar a energia não-manifestada a manifestar-se em nossa vida. Em outras palavras, as holoformas podem produzir harmonia ou desarmonia. Não temos a experiência de algo até que o percebamos. Por exemplo: a raiva é considerada um estado de despertar fisiológico em reação à uma ameaça percebida. A pesquisa mostra que os hormônios que detonam a raiva (adrenalina, noradrenalina e tirotropina), desencadeiam outras emoções, como medo, pesar e mesmo alegria. O que faz uma emoção diferente da outra não é o padrão fisiológico desencadeador, mas as suas percepções e interpretações dos eventos causais. Por exemplo: se você está no meio de uma multidão e de repente sente uma mão pousar no seu ombro, recebe um afluxo de adrenalina e volta-se para ver quem é. Se for alguém que você não conhece, sentirá medo ou raiva; se for um amigo, provavelmente sentirá alívio ou alegria. O ponto importante é que você identifica as suas emoções de acordo com a sua percepção e interpretação do evento, embora os hormônios envolvidos sejam os mesmos em ambos os casos. Nossas percepções são condicionadas pelas mensagens, crenças e comportamentos a que estivemos expostos desde o período pré-natal e talvez até mesmo no período anterior à concepção. A interpretação implica uma escolha; consciente ou não. Percebemos o que aconteceu e interpretamos o que isso significa para nós. Em outras palavras, não é o que nos sucede que cria nossa experiência do acontecimento, mas a nossa percepção e interpretação dele. Classifico certos eventos e a interpretação deles como “incidentes críticos” e “escolhas críticas”, porque levam à formação de um sistema de crenças e holoformas desarmoniosas, as quais, mais cedo ou mais tarde, tornam-se padrões patológicos. Um incidente crítico poderia ser qualquer coisa, desde a interpretação errônea do riso de um dos pais durante os nossos primeiros e egocêntricos anos de vida até um agravo físico real. Poderia até mesmo ser a percepção do feto da preferência dos pais por uma criança do sexo oposto. Incidentes críticos envolvem sentimentos, como abandono, medo, traição, humilhação e rejeição. Estas são reações imediatas a fatos atuais. Atribuímos então significado a estes sentimentos: “Não sou bom porque o meu pai foi embora”, ou “Meus pais queriam um menino (ou menina). Deve haver algo errado comigo. Sou um erro. O significado que damos representa a escolha crítica de interpretação. Vergonha, culpa, ou ambas, são frequentemente associadas com incidentes críticos. Vergonha é um sentimento arraigado que com freqüência deriva da percepção de que há algo fundamentalmente errado com você. Culpa é um sentimento que comumente resulta da percepção de que você fez algo errado. Os vários elementos de cada incidente crítico, são, em geral, formados simultaneamente, não gradualmente. No momento de um incidente crítico, damos significado à nossa percepção do evento; essa interpretação cristaliza-se como uma crença básica, a qual tem um efeito duradouro, influenciando escolhas que servem para manter a crença. Recebemos essas experiências pelos sentidos físicos e as armazenamos na mente como imagens ou hologramas multidimensionais. Elas desenvolvem a sua própria potência causal e ressoam com a sua própria freqüência. Se uma crença cristalizada está em conflito com os modelos naturais de equilíbrio e de harmonia do corpo, diz-se que ela é a origem dos padrões patológicos; a origem da doença em nossa vida. Assim, para descobrir a origem de uma doença, precisamos chegar os incidente crítico e às crenças básicas que a estão causando.
O segundo nível da origem - O segundo nível da origem envolve, amor, mérito e um sentido de valor. O significado profundo sob a crença básica. “Não sou suficientemente bom” é a crença. “Não sou bom o bastante para amar e nem para ser amado”. Isso provoca vergonha ou culpa, o que leva à crença “Não tenho perdão”. Isso, por sua vez, leva à escolha de separar-se, recusando ser amado ou amar e envolvendo-se em vícios entorpecentes, autopiedade, autopunição e mais culpa e vergonha. Na cura holoenergética, começamos a nos tornar conscientes de que a origem da nossa doença é o nosso sentido de separação e de alienação; uma falta de relacionamento do eu consigo mesmo, do eu com os outros, do eu com o mundo e do Eu Superior com o UM.
O terceiro nível da origem – O terceiro nível da origem trata da compreensão de que temos uma escolha. Nesse ponto descobrimos a nossa individualidade. Isso pode ser acompanhado por uma percepção de nosso poder e liberdade de escolha, ou por um sentido de nossa separação e alienação quando não expressamos a nossa escolha.
O quarto nível da origem – O quarto nível da origem trata da escolha entre ficar separado ou unir-se com o espírito ou com Deus. Somos livres para nos tornarmos inteiros e curados na medida em que conhecermos e estabelecermos contato com algo muito maior do que nós mesmos. Depois de alcançar e ressoar com um padrão de energia doentio, que emana dessas fontes, seja em forma de uma sensação, de uma imagem, de um pensamento, de um sentimento ou de uma crença básica, podemos mudar ou “des-formar” este padrão. Na cura holoenergética aprendemos técnicas específicas, altamente efetivas para alterar esses padrões de energia indesejáveis; literalmente, liberamos o corpo-mente desses gabaritos doentios que o influenciam. Trabalhando com esse campo de energia desarmônico (a holoforma ou gabarito doentio) e as suas expressões física, emocional, mental e espiritual da doença, a nossa consciência, energia amorosa e escolha consciente podem causar uma mudança radical, facilitando a transformação e a cura. O sentimento do perdão para nós mesmos e para os outros está no centro do nosso trabalho de cura. É importante compreender que frequentemente escolhemos antes de aprender a discernir. Temos acesso a este nível de origem quando começamos a compreender e quando fazemos a nossa escolha para separar-nos de nossos sentimentos amorosos. Ao abordar o problema holoenergeticamente, podemos liberar o padrão indesejável que ele criou.
Técnicas para a mudança – Podemos efetuar a mudança nas formas de energia em nosso corpo-mente de muitas maneiras. Um dos modos é através de pensamentos, sentimentos e imagens mentais, os quais tem um efeito fisiológico direto sobre o corpo, causando mudanças no sistema imunológico, endócrino, digestivo, ósseo-muscular, circulatório e nervoso. Por exemplo: medo e tensão traduzem-se rapidamente em tensão muscular. Isso pode afetar a circulação sanguínea, o que traz como conseqüência dor de cabeça, problemas cardíacos, digestivos e baixa resistência a infecções. Podemos reverter os sintomas nestes casos, aprendendo novas maneiras de reagir às tensões. Outra maneira vigorosa de produzir mudança fisiológica tem relação com os nossos tipos de respiração. A respiração, que transporta a força da vida, desempenha um papel preponderante na cura holoenergética. A respiração forma uma carga energética fisiologicamente e quando focalizada e direcionada de modo apropriado, essa energia pode receber uma forma; isto é, pode ser atenuada conscientemente pela mente para transferir informações para uma área do corpo ou mesmo para outra pessoa. Na cura holoenergética, usamos a respiração de várias maneiras. Por exemplo, imaginando e concentrando-se na respiração entrando e saindo por uma área específica do corpo, você energiza esta área. Os campos de energia que rodeiam e penetram o seu corpo registram essa atenção e intenção. Uma vez ativada, a área é preparada para a mudança, pronta para ter acesso à antiga informação, liberá-la e receber uma nova. Reter a respiração em certos momentos críticos atrai a atenção imediata da sua mente subconsciente e faz o seu corpo entrar em ressonância harmoniosa com ela através de uma diminuição da freqüência cardíaca.
O ingrediente ativo da cura holoenergética: o amor – Na cura holoenergética, é essencial que sejamos capazes de nos relacionar ou de interagir com os aspectos de nós mesmos ou dos outros que desejamos mudar. Essas interações ocorrem através de nossos campos de energia, através da força vital que se manifesta como uma biosfera denro e em volta do nosso corpo. Toda estrutura, animada ou inanimada, tem um conjunto de vibrações ou de freqüências energéticas que são únicas e naturais a ela. Quando uma estrutura vibra na freqüência natural de outra, ocorre uma dupla ressonância, então, muitas coisas acontecem. Primeiro, a intensidade da interação cresce porque a vibração de uma reforça a de outra. Você pode ter experimentado o efeito de desse reforço quando era criança e foi empurrado num balanço. Se a pessoa o empurrou exatamente no momento correto, o arco foi ficando maior e você balançou mais alto. A mesma coisa acontece com a energia em ressonância; a ressonância de cada pessoa, de fato, amplifica a da outra. Outro efeito da dupla ressonância é aquele em que duas estruturas se ligam como se fossem uma, movendo-se em uníssono. Na cura holoenergética, utilizamos o amor; a harmonia universal; para ajudar a nós mesmos e aos outros a liberar padrões energéticos de separação e para entrar em padrões de plenitude. A essência do amor é o relacionamento; com uma pessoa, um lugar, um objeto, um alimento, o próprio Eu, o universo, ou Deus, ou uma Ordem Superior indefinida. Podemos entender o relacionamento num sentido bem literal: relacionar-se significa “reunir”. Para mim, relacionamento significa que o amor junta novamente aquilo que uma vez era um, mas que aparentemente se separou. É um retorno para casa. Podemos tomar consciência dessa não-separação, ou relacionamento, porque ela sempre existe. Podemos senti-la como uma sensação de plenitude, totalidade, paz e como um impulso em direção à unidade. E podemos expressá-la e manifestá-la de nossas ações. Quando nos relacionamos plenamente com o que é assim, o amor se torna conhecido como Verdade ou Consciência Pura; a pessoa que sente e o que é sentido tornam-se um. O amor cria um campo de energia que afeta tudo o que nele penetra. Diz-se que os campos de amor de Cristo e Buda eram tão poderosos que as pessoas eram curadas na sua simples presença. Estes dois grandes avatares ensinaram que a energia do amor é a energia da unidade, da harmonia, do equilíbrio e da paz. Na presença de um campo de amor poderoso, se houver intenção e vontade de curar, as capacidades autocuradoras inerentes ao corpo serão estimuladas e aumentadas. Usando uma analogia,na medicina moderna existe uma técnica chamada MRI (Imagens por Ressonância Magnética), que, em vez de usar raios X, usa um campo magnético para produzir imagens geradas por computador, para diagnóstico. Num piscar de olhos, um campo magnético alinha todos os prótons dos átomos de hidrogênio do corpo, levando-os a girar como se fossem um; um feixe de ondas de rádio, ressoando com os prótons de hidrogênio, é então pulsado através do corpo produzindo sinais que um computador traduz em imagens visuais. Na presença de um campo magnético coerente, como o produzido pelo MRI, os prótons de hidrogênio rodopiam de forma combinada à medida que se alinham com o campo. De fato, todos eles dançam a mesma dança, tornam-se um. Do mesmo modo, quando você cria um campo de amor coerente, tudo dentro desse campo começa a vibrar como se fosse um e a dançar no mesmo ritmo. Quando tudo começa a vibrar como se fosse um, a separação desaparece e há apenas a unicidade. Tempo e espaço desaparecem, porque são a medida de separação. O fim funde-se com o começo e o círculo giratório se completa. O finito torna-se infinito. Neste estado de unicidade, a ordem natural e a harmonia inerente aos tecidos, células, moléculas, átomos e partículas subatômicas reafirmam a si mesmas. As células lembram a ordem superior e o equilíbrio da saúde e da totalidade. O amor é o seu sinal.
Como uma energia aparentemente etérea como o amor pode lembrar às nossas células a sua ordem e harmonia naturais? Em “The Body Quantum”, o físico Fred Alan Wolf (um dos professores do documentário O Segredo), sugere que sentimentos como o amor poderiam ser descritos em termos de propriedades quânticas de matéria, de luz e de transformação. Wolf não está sozinho em suas crenças; muitos físicos acreditam agora que toda matéria é composta de luz aprisionada. Esta crença é personificada na famosa equação de Einstein: E=MC². Wolf sugere ainda que o amor pode ser visto em termos do comportamento estatístico quântico das partículas de luz; isto é, dos fótons. Ele assinala que todos os fótons tendem a mover-se para o mesmo estado, dançando a mesma dança se para tanto lhes for dada a oportunidade. Neste sentido, o impulso natural dos fótons é mover-se para a unidade, em direção à unicidade. Assim, a antiga associação entre luz e amor relfete uma profunda sabedoria. Em seu livro “Teoria dos chakras (Pensamento), o Dr. Hiroshi Motoyama relata que detectou fótons sendo emitidos do chacra do coração de uma senhora muito experiente em meditação, quando ela projetava energia amorosa com um propósito. Embora a pesquisa ainda não seja conclusiva, à esta altura é razoável especular que os fótons reagem à uma variedade de estados mentais e emocionais, particularmente ao amor. Isto é maravilhoso! Tornar-se luz, ou ser iluminado, descreve e honra aquele estado quântico do fóton sem massa e sem carga, o qual reorganiza, relaciona e se torna um com tudo. Graças aos nossos mecanismos inerentes de autocura, o nosso corpo sabe como curar a si mesmo e assim o fará com ou sem a expressão consciente do amor. Entretanto, há muitos modos pelos quais podemos embaraçar ou sustentar estes processos de cura naturais. Como cirurgião, posso facilitar a cura prestando atenção à assepsia, à antissepsia e à homeostase, aproximando cuidadosamente a pele cortada e usando material de sutura apropriado. O que digo durante a cirurgia, enquanto o paciente está inconsciente e como me relaciono com o paciente após a cirurgia, também pode ter um efeito sobre o seu processo de cura natural. Conhecimento, habilidade, atitude, crença, intenção, vontade, riso, amor e solicitude humana podem facilitar o processo curativo. Assim, intensificamos ou interferimos no processo de cura intrínseco do corpo. Na minha prática, tendo visto repetidamente como a energia do amor e a criação de um campo amoroso poderoso podem incrementar profundamente a cura, não apenas fisicamente, mas emocional e espiritualmente, o amor não é apenas a inspiração maior dos poetas e místicos, é também uma energia palpável, transmissível, que pode curar.

Por Dr. Leonard Laskow, médico americano autor do livro “Curando com Amor” (Cultrix)

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Usando a mente para curar o câncer


Esta matéria é bastante antiga. Este tratamento já é usado pelo Dr. Simonton na cura de seus pacientes há 31 anos, mas os princípios de cura aplicados aqui rompem a barreira do tempo-espaço e continuam sendo muito atuais. A cura pelo pensamento ainda é praticamente desconhecida e a maioria ainda é cética quanto à sua real eficiência. O fato é que, quando as pessoas se atentarem para os poderes curadores do nossa mente, muitas moléstias e doenças poderão ser evitadas ou curadas, caso já tenham se manifestado em nosso corpo físico. Creio que ainda chegará um dia, em um futuro distante, em que remédios químicos e procedimentos cirúrgicos não mais serão necessários. O melhor hospital do mundo e a melhor farmácia do mundo estão em nossa mente.
Diogo Ramón

Por que tantas pesquisas até hoje não determinaram a causa do câncer? Não será porque os pesquisadores estão à procura de causas erradas? Foi o que concluiu o Dr. Carl Simonton, segundo o qual o câncer é produzido e desenvolvido por um desejo inconsciente de autodestruição, pela vontade também inconsciente de fugir dos problemas e mesmo da vida. Convencido disso, criou um método de tratamento baseado na conscientização do paciente dos problemas que o levara à depressão e ao desânimo. A partir daí começa a terapia da recuperação. Ilusão de um método idealista? Parece que não, pois o Dr. Simonton tem resultados para mostrar. E são muitos...

O fato de que a mente pode causar enfermidades, é hoje aceito por quase todo mundo, sendo mesmo a base de uma especialidade médica, a medicina psicossomática. Mas, quando se fala em uma determinada doença, - o câncer -, quase todo mundo, leigos e particularmente os médicos, negam essa possibilidade. No entanto, um médico especialista em câncer, está totalmente convencido de que o estado mental das pessoas está relacionado com o desenvolvimento dos seus cânceres e tem que ser levado em conta no processo de cura.
- A mente, as emoções e a atitude de uma paciente em relação à vida desempenham um papel importante, tanto no desenvolvimento de uma moléstia quanto (inclusive no câncer), quanto na resposta do paciente a qualquer forma de tratamento – sustenta firmemente o Dr. O. Carl Simonton. Ele é uma Major da Força Aérea Americana, doutor em medicina e nos últimos dois anos tem sido o chefe de terapia da radiação na Base Aérea de Travis, na Califórnia. Além de tratar os seus pacientes com radiações de cobalto, ele os ensina a meditar e os encaminha a sessões de psicoterapia, convencido que é fundamental tratar de suas mentes também.
Tudo começou realmente em 1969, no Centro Médico da Universidade de Oregon, durante os seus três anos de médico residente, encarregado da terapia de radiação. Simonton percebeu que uma pequena parcela dos pacientes que ajudou a tratar pela radiação foi curada ou viveu mais do que indicavam os diagnósticos. Eram pacientes que derrotaram inexplicavelmente as estatísticas, pacientes cujos cânceres estavam tão adiantados que as chances deles viverem pelo menos mais alguns anos eram quase nulas. Nas discussões com os pacientes, Simonton encontrou uma atitude mental – uma convicção positiva, consistente e até obstinada – que se recusava a seguir o que até os médicos esperavam: a morte. Alguns foram curados após sustentarem que não podiam morrer, porque ainda havia muita coisa a fazer. Outros pareciam prolongar a sua vida até que se realizasse o que desejavam. “Não posso morrer até que meu filho se forme”, ou, “não posso morrer até depois das férias”, ou ainda, “não morrerei até que chegue tal e tal dia”, diziam. E, de fato, fiéis às suas convicções, eles não morriam até que “permitissem” ou “quisessem”. Poderia algo simples, como a vontade de viver, alterar o prognóstico do câncer? Simonton ficou pensando nisso. Havia muitos paciente que diziam querer viver, mas cujas ações diziam o contrário. Por exemplo: os que tinham câncer nos pulmões, mas continuam a fumar. Ou os que tinham câncer no fígado e continuavam a beber, contra os conselhos médicos. E até mesmo os que simplesmente deixavam de comparecer ao tratamento. Além disso, muitos diziam coisas como: “eu talvez tenha merecido isso”, ou “provavelmente é uma punição pelo o que eu fiz”, ou, “de qualquer modo, a vida está ficando bem ruinzinha”. Eram todos comentários que refletiam uma atitude apática e deprimida. Uma das situações mais comuns era a do homem que se aposentara recentemente, com um rendimento mais baixo, que não ia bem com a esposa e não conseguia encontrar nada útil para fazer. Era como se a sua mente tivesse decidido morrer e o corpo tivesse encontrado a maneira de atingir o objetivo. O câncer poderia ser induzido psicologicamente? Será que sabemos o suficiente sobre o surgimento do câncer para dizermos uma coisa tão surpreendente? Simonton diz que sim, salientando: “As pessoas têm câncer muitas vezes durante as suas vidas, só que não percebem isso”. O que é inusitado no câncer não é o fato de as células malignas surgirem. Na substituição diária de bilhões de células pelo organismo, algumas células “más” são formadas. Mas, às vezes e por algum motivo, o corpo permite que essas células “más” cresçam, quando identificando-as como anormais, deveria destruí-las. Por que, então, o sistema imunológico falha nestes casos? É a partir desta pergunta básica que o Dr. Simonton postula que a mente desempenha um papel neste processo. De algum maneira, a condição da mente reduz a “resistência em hoste” às células malignas. As defesas imunológicas, concentradas principalmente dentro das células brancas do sangue e nos sistemas linfáticos, falham em cumprir o seu trabalho normal e o câncer se desenvolve.

Primeira etapa: 15 minutos de meditação, três vezes ao dia

Segundo Simonton, a mente deve ter influência na resposta imunológica. E isto não é nenhuma heresia médica. Até na década de 50, os pesquisadores em imunologia verificaram que a resistência em hoste aos bacilos que causavam a tuberculose era afetada pelo estado psicológico do paciente. O problema de Simonton, era, então, como poderia provocar a vontade de viver em alguém que não gostaria da vida, a ponto de, em primeiro lugar, desenvolver um câncer. Como modificar a atitude derrotista da pessoa,piorada pelo câncer? Como ele poderia, de fato, mobilizar o poder da mente para estimular a resposta imunológica ao câncer? Simonton passou a ler muito. Encontrou alguma apoio para a necessidade de viver nos escritos psiquiátricos e religiosos, mas isso foi de pouca valia. Curiosamente, ele descobriu o “como”, em livros sobre vendas e sobre sobre cursos de treinamento da mente. Passou, então, a realizar técnicas de meditação (uma combinação de relaxamento e visualização). Além disso, os seus pacientes e familiares eram educados sobre o câncer e sobre o que precisavam fazer e participavam três vezes por semana de grupos de psicoterapia, abertos para todos os membros da família ou para pessoas importantes para o paciente. Simonton pedia aos pacientes que meditassem regularmente três vezes ao dia, durante quinze minutos: pela manhã ao levantar, por volta do meio dia e à noite, antes de irem dormir. No exercício da meditação, os primeiros dois minutos são usados para entrar num estado de relaxamento. Uma vez que o corpo estiver relaxado, o paciente visualiza uma cena pacata da Natureza. Um minuto depois, o paciente começa a parte principal do trabalho de imagens mentais. Primeiro, ele sintoniza o câncer; “vê” com o olho da mente. Então, segundo Simonton, “ele trata o seu mecanismo de imunização trabalhando da maneira que deve, recolhendo as células mortas e moribundas”. Pede-se ao paciente que visualize um exército de células brancas entrando, enxameando o câncer e carregando as células malignas, que foram enfraquecidas ou mortas pela barragem de partículas de alta energia da terapia de radiação, dada pela máquina de cobalto, pelo acelerador linear, ou seja, por qual for a fonte. Estas células brancas então, destroem as células malignas, que são expelidas do corpo. Finalmente, pouco antes do fim da meditação, o paciente se visualiza como estando bem. O exercício depende do paciente estar plenamente ciente de seu câncer. Com esta finalidade, são lhe dadas todas as informações necessárias. Ele pode ver fotos, pode olhar as suas próprias chapas, de raios X, pode ler uma descrição do câncer ou pode fazer qualquer outra coisa que ajude. O paciente é educado quanto aos princípios gerais dos mecanismos de imunização e lhe são mostradas fotografias de pacientes com cânceres visíveis, como câncer na boca, no escroto, e na pele; depois, fotos dos mesmos doentes, cujos cânceres vão respondendo ao tratamento, vão ficando menores e desaparecendo. O paciente fica sob a influência otimista do Dr. Simonton. Com pouco mais de trinta anos, filho de um pastor protestante, Simonton poderia ser descrito ele próprio como “um pregador”.

Uma proibição: desistir; e quase todos eles obedecem

Seus pacientes tem dificuldade em “desistir”. Eles recebem simpatia e calor humano e são provocados e estimulados a lutarem pela vida. Simonton se importa com eles. “Às vezes parece que eu quero que eles vivam mais do que vivem”. – Por que deseja morrer? – ele fica insistindo com alguns para chegar à raiz da sua apatia e passividade, muitas vezes descobrindo sentimentos de culpa ou ressentimento, que pode tê-los induzido a desejarem serem punidos ou fazer outras pessoas se sentirem culpados por seus males. Simonton participa ativamente da terapia de grupo, que, de tempos em tempos, também é conduzida por psiquiatras residentes. Os pacientes são muitas vezes bons terapeutas, uns com os outros. Eles “vêem” através de algumas situações comuns e não concordam com outro que sinta pena de si mesmo ou que “use” o câncer para punir os outros. O fato de os familiares participarem é imensamente útil, pois amigos e parentes bem intencionados muitas vezes aumentam a depressão dos pacientes com câncer, por agirem de forma “irreal”, com sua alegria forçada, ou se comportando como se o diagnóstico de câncer fosse sinônimo de morte. Sendo incluídos nas consultas, no grupo de orientação e no grupo de terapia, eles próprios são ajudados a enfrentar aquilo que é uma calamidade familiar e ainda aprendem a ser verdadeiramente prestativos. Os melhores resultados no tratamento vêm dos pacientes que se tornam otimistas e se submetem a uma participação total. Muitas vezes estas pessoas “sintonizam” tão bem com os seus cânceres, que são realmente capazes de dizer como a doença está progredindo e como o tratamento está indo. Muitas vezes as emoções são “sentidas” no próprio tumor. A ira, especialmente, é “sentida”, dentro do tumor, (talvez esta emoção possa até estimular o crescimento das células malignas). O primeiro paciente de Simonton foi o seu “melhor” paciente. O caso foi tão convincente que o deixou inabalável durante os períodos de desencorajamento pela antipatia dos colegas e pelo pessimismo dos pacientes. Simonton descreveu seu primeiro paciente como um homem de 61 anos, com um câncer adiantado na garganta, cujo peso caíra de 60kg para 43kg. Ele não conseguia ingerir alimentos sólidos e mal conseguia engolir a própria saliva. Indivíduo mentalmente forte, ele estava acostumado a tomar decisões e a ter as suas ordens cumpridas. A explicação sobre o câncer, os mecanismos de imunização e o poder da mente de ajudar o corpo a curar-se faziam sentido para ele, que logo aprendeu a relaxar e a visualizar e saber o que estava acontecendo com o seu câncer. Nas sete semanas de tratamento, perdeu apenas uma sessão de meditação. Ele superou o seu câncer e hoje está indo muito bem, quando tinha apenas cinco por centro de chances de sobreviver. Além de superar o seu câncer, o paciente não teve efeitos colaterais à radiação que vinha recebendo já há dois anos, o que, por si, é incomum e admirável. Os efeitos colaterais da terapia de radiação, tais como a dor, a intumescência do local e a náusea, podem ser sintomas muito penosos e desagradáveis para o paciente. Às vezes, os efeitos colaterais são até responsáveis pela redução ou pela mudança da terapia de radiação pela qual se decidiu originalmente.

Um método aprovado por psiquiatras e parapsicólogos
Simonton debateu o seu trabalho com a Sociedade Psiquiátrica de Santa Clara, a Sociedade do Norte e do Sul da Califórnia de Analistas Jungueanos, bem como com os psiquiatras do Instituto Neuropsiquiátrico Langley-Porter, parte do Centro Médico da Universidade da Califórnia, em São Francisco. Os psiquiatras parecem ser muito receptivos às suas idéias, já que sempre defenderam que a depressão torna de fato uma pessoa mais suscetível a enfermidade física, muitas vezes piorando a duração e o grau da moléstia. Na verdade, existe um corpo sólido de trabalho científico que sustenta claramente o elo entre a mente e a enfermidade – mesmo o câncer. Na Universidade de Rochester, por exemplo, os Drs. Arthur H. Schmale, Jr. E Howard P. Iker, foram capazes de prever a presença ou a ausência do câncer, com base em um elevado potencial de “desesperança”. Este estudo foi um dos muitos feitos pelo grupo de ligação médica na Universidade de Rochester durante mais de vinte anos. A presença de uma vida tendente para a doença, “o complexo de desistência”, foram descritos por George L. Engel, doutor em medicina, como uma resposta à pergunta central: “por que as pessoas ficam doentes?”
O tratamento de Simonton visa a eliminar o estado psicológico negativo, tanto do paciente como da família, tornando o paciente ciente de que ele não é inútil ou desesperançado e de que pode participar de uma cura. Com o uso da meditação no relaxamento e nas imagens mentais, Simonton lança mão de uma técnica semelhante à usada pelos hipnoterapeutas, pelos terapeutas comportamentais e pelos professores de treinamento mental. Alguns parapsicólogos também estão começando a apreciar o trabalho de Simonton, que já participou de um simpósio sobre a cura, na Academia de Parapsicologia e Medicina. O próprio Simonton pode ter algum poder de cura que estaria influindo positivamente na recuperação dos pacientes. Além disso, a força de sua personalidade e sua qualidade carismática de pregador, podem desempenhar um papel vital no sucesso que ele tem em mudar as atitudes e em convencer os seus pacientes a superarem as barreiras mentais contra as suas enfermidades. Por isso, fica-se imaginando quão aplicável será o seu método quando este for usado por outras pessoas. Apesar do método de Simonton precisar de mais testes e mais evidências, antes que outros possam seguir a sua orientação e ficar convencidos, um fator importante é inequivocamente óbvio: usando a psicoterapia e as técnicas de meditação, sendo otimista e vendo cada paciente como uma pessoa singular, ao invés de apenas “outro caso”, o Dr. Simonton melhora a qualidade da vida de seus pacientes. A ansiedade e o isolamento são substituídos pelo conhecimento e pelo apoio moral. Se, como ele sustenta, “quando a vontade de viver cai, a vontade de morrer se eleva cada vez mais”; através de seu método singular, ele está contrariando essa atitude e, portanto, apoiando o lado da vida.
Por Jean Shinoda Bolen