quinta-feira, 28 de maio de 2009

Os loucos não são loucos. Eles vêem o mundo dos espíritos.

Durante 16 anos, um psiquiatra americano observou as alucinações dos doentes mentais, para concluir que OS LOUCOS NÃO SÃO LOUCOS. ELES VÊEM O MUNDO DOS ESPÍRITOS.

Pesquisa e texto de Olavo de Carvalho

Existe uma crença geral de que o louco vive num mundo seu, particular e fechado e vê coisas a que ninguém tem acesso. Mas o psiquiatra americano Wilson van Dusen, anotou, durante 16 anos, as narrativas das alucinações de doentes mentais e demonstrou que todos eles vêem basicamente a mesma coisa: espíritos. “Todos os delírios”, afirma Van Dusen, “são iguais e não são amontoados caóticos de visões e palavras, mas a descrição organizada de um minudo invisível, fantasticamente coerente.” Este mundo invisível corresponde, ponto por ponto, ao “mundo dos espíritos” descrito pelo teólogo sueco Emmanuel Swedenborg, no século 18 e não é exclusivo dos doentes mentais. Existe potencialmente em cada um de nós e, para ficar louco, basta afrouxar o controle da vontade e permitir que os espíritos qdquiram existência independente. Uma vez “despertos”, eles anulam a vontade do doente e passam a persegui-lo, a atormentá-lo e o obrigam a fazer todo tipo de coisas sem sentido aparente. Por isso, a maioria das pessoas jamais os vê. Só os médiuns e clarividentes notáveis, como o próprio Swedenborg, conseguem penetrar nesse “outro mundo” e depois voltar sadios e fortes para desempenhar suas tarefas na vida corrente. Para os outros, é quase sempre uma viagem sem retorno. O Dr. Wilson van Dusen trabalhou e fez experiências no Mendocino State Hospital, da Califórnia, considerado uma das melhores instituições psiquiátricas dos Estados Unidos. Ele já conhecia os escritos de Swedenborg e ficou chocado com a semelhança entre a descrição do mundo dos espíritos pelo teólogo sueco e as alucinações dos doentes. A hipótese de que o próprio Swedenborg estivesse louco, foi afastada logo de início, porque uma vida tão produtiva e equilibrada quanto a dele seria impossível sob a pressão de uma doença mental e também porque os pacientes temem suas experiências interiores e fogem delas, enquanto Swedenborg se deixava deliberadamente possuir pelos espíritos, para poder descrevê-los, interrompendo as experiências quando queria. Além disso, o próprio Swedenborg deixara muito claro que ninguém deveria buscar um contato com o mundo dos espíritos se não estivesse preparado para sair dele e retomar suas atividades. Normalmente este mundo permanecia fechado (as pessoas ignorando a existência dos espíritos e estes ignorando a existência das pessoas) e só se abria durante a loucura, quando a barreira da consciência era enfraquecida e quebrada.

Uma barreira que só se abre com a loucura

Na época de Swedenborg não havia nenhum conhecimento sobre esquizofrenia, mas ele teve uma intuição maravilhosa sobre o processo dessa doença, ao declarar que a quebra da barreira consciente ocorria quando a pessoa começava a dar demasiada atenção às próprias fantasias, por ser demasiado orgulhosa para buscar as satisfações normais da vida ou por não desejar mais ser útil socialmente. Hoje a ciência reconhece que a fuga da responsabilidade social é um componente fundamental da esquizofrenia e que aquisição de um papel útil na comunidade pode ser um caminho para a recuperação. Assim, Van Dusen concluiu que valia a pena investigar mais a fundo as hipóteses de Swedenborg e adotou para isso, um método puramente descritivo, observando e descrevendo as alucinações sem julgá-las, aceitando a palavra dos doentes que viam nelas a pura verdade.

Dois tipos de vozes: de nível baixo e de nível alto

Após coletar um volume impressionante de depoimentos, o Dr. Van Dusen notou que as diferenças entre as alucinações de alcoólatras, esquizofrênicos, epiléticos e drogados eram mínimas, se comparadas às semelhanças. Quase todos eles contam ter tido contatos com figuras ou personagens de “um outro mundo”, que irrompem em suas vidas repentinamente, atormentando-os, falando o tempo todo, fazendo ameaças e promessas e alterando seu comportamento. Embora ninguém mais os veja, esses personagens surgem para os doentes como dotados de existência real, independente da sua vontade. Referem-se a eles dizendo “eles”, “os outros”, “as vozes”, “os espíritos”. No entanto, nenhuma das figuras têm uma identidade precisa: adotam a forma de uma pessoa, logo em seguida de outra, desaparecem repentinamente ou então deixam de ter formas e passam a ter somente vozes, de modo que é impossível “pegá-las”. Há momentos em que o paciente não distingue mais entre ele mesmo e os espíritos, tão enfraquecida está a sua vontade. E em algumas dessas ocasiões, o espírito “conversou”diretamente com o Dr. Van Dusen. “Logo descobri”, afirmou van Dusen, em depoimento prestado à revista holandesa Bres, “que existem dois tipos de experiências nesse sentido e também dois tipos de vozes: vozes de nível baixo e de nível alto. As de nível baixo parecem vozes de bêbados que gostam de amolar os outros num bar. Elas propõem ações degradantes e, quando o paciente obedece, elas o xingam. Procuram achar um ponto fraco na consciência do paciente e começam a atacar esse ponto sem parar. Às vezes “roubam” recordações ou idéias da memória do doente, anunciam que ele vai morrer logo ou o induzem a fazer coisas idiotas, como ficar com o braço levantado, ameaçando-o de coisas terríveis se ele não fizer e rindo dele quando obedece. É uma coisa horrível, pois o paciente não tem alternativa.”
“Às vezes, prossegue Van Dusen, os espíritos tentam se apoderar de uma parte do corpo do paciente, um olho, uma orelha e ele então perde o controle dessa parte ou jura que ela não lhe pertence. Caso contrário, eles o perseguem, anunciando sua morte ou ameaçando causar dores, que realmente ocorrem, só para mostrar sua força. Um paciente viu uma corda descendo do nada, enquanto ouvia vozes que discutiam a melhor maneira de enforcá-lo”. O vocabulário e as idéias destes espíritos são limitados, eles não tem raciocínio lógico, muitas vezes nem memória própria. Mas segundo os espíritos mais altos, afirma Van Dusen, a tarefa dos espíritos de baixo nivele precisamente revelar as fraquezas da pessoa e isso eles fazem com uma paciência insuperável. Eles persegue o paciente repetindo sempre as mesmas coisas (m deles repetiu durante meses somente a palavra “olá”) e para isso não é preciso mesmo muita inteligência. Parecem estar presos às partes mais inferiores da mente do paciente, nunca mostrando um pensamento individual de nível mais elevado. Outra característica permanente dos espíritos de nível baixo é sua ausência de religiosidade. Eles procuram atrapalhar de todas as maneiras as práticas religiosas do paciente e alguns até afirmam provir diretamente do inferno. Quando o Dr. Van Dusen perguntou a um paciente totalmente possuído por uma dessas vozes, se era um espírito que falava por ele, a voz respondeu: “O único espírito que conhecemos é o das garrafas”.
Uns tagarelam sem parar, outros falam por símbolos
As alucinações com espíritos de ordem superior são mais raras. Um dos pacientes de Van Dusen tinha sido perturbado durante muito tempo por espíritos que discutiam o melhor modo de matá-lo. Um dia ele viu uma luz, grande como o Sol e soube imediatamente que esta luz era de ordem superior, porque ela o respeitava, se retirava sempre que ele sentia medo; ao contrário dos outros, que o atacavam com mais intensidade justamente quando ele ficava com medo. Ao contrário dos de ordem inferior, que tagarelam sem parar, os espíritos superiores só se comunicam através de símbolos, que às vezes escapam à compreensão humana. Parecem, diz Van Dusen, residir na camada do inconsciente, estudada por Jung, enquanto os espíritos inferiores estariam na camada dos instintos, estudada por Freud. “Aprendi”, conta Van Dusen, “a ensinar os pacientes a se aproximarem da ordem superior, porque os espíritos desta camada procuram fortalecer os valores da individualidade. Aconselhei aquele paciente a aproximar-se do Sol que havia visto e ele foi penetrando num mundo de novas experiências luminosas, que de certo modo lhe davam mais medo que o tagarelas idiota das vozes assassinas. Numa alucinação, ele estava estendido no chão ao longo de um caminho que tinha uma porta no fim. Atrás desta porta, ele sabia que estavam trancadas as forças do inferno. Ele estava a ponto de abri-la, quando apareceu uma figura imponente, que o aconselhou, através de telepatia, a deixá-la fechada e a acompanhá-lo a uma região onde ele teve outras experiências, que o ajudaram a sarar. Em outro paciente, as forças superiores se manifestaram através da figura de uma linda mulher. O paciente era um encanador com um curso secundário e a visão mostrou possuir conhecimento de mitos e religiões num nível superior ao da capacidade de compreensão do paciente.

O que querem esses espíritos?
“Sugar e dominar o mundo!”


“Alguns pacientes”, continua ele, “têm durante certo tempo experiências inferiores e superiores e se sentem presos entre o céu e o inferno. Outros têm somente experiências de nível inferior. Os superiores declaram que podem dominar os inferiores e de vez em quando mostram que isso é verdade, mas nunca na intensidade que os pacientes desejam: só na medida em que o próprio paciente se identifica com a ordem superior, perdendo o medo, é que os inferiores são dominados e calam-se. Essas narrativas apresentavam uma notável semelhança com as raras passagens da Bíblia sobre a obsessão, de modo que meus pacientes tinham as mesmas experiências que outros haviam tido milênios atrás.”
“A obsessão continua”, continua Van Dusen, “ocorre quando os espíritos são libertados, deixam de ser inconscientes e adquirem uma percepção de si enquanto entes separados. Embora se revelem sempre não religiosos, estou convencido de que a prática religiosa, em si, não é suficiente para dominá-los. Uma atividade socialmente útil ou a caridade efetiva ajudam muito mais.” Do mesmo modo, o mecanismo de obsessão observado por Van Dusen coincide plenamente com a descrição de Swedenborg, segundo o qual a obsessão estava instalada no momento em que os espíritos emergiam da sua prisão nas trevas e se tornavam conscientes enquanto seres separados. Nas observações de Van Dusen, há sempre um momento em que os espíritos começam a agir independentemente da vontade do paciente e, em seguida, o dominam mediante ameaças, chantagens, promessas e perseguições, até que o doente perde toda vontade própria. Certa vez, Van Dusen perguntou a um paciente, durante uma alucinação, o que queriam os espíritos. “Lutar, sugar, dominar o mundo”, respondeu a voz, acrescentando que para isso recorrem a todo tipo de estrategema.
“O Homem”, escreveu Swedenborg, eu seu livro Arcanos Celestes, “não faz coisas ruins e falsas por si mesmo: são os espíritos maus que cometem essas ações e o fazem acreditar que foi ele quem as fez. E, pior, quando o Homem realmente começa a acreditar na própria culpa, eles o acusam e condenam”. Van Dusen notou ainda que os espíritos induzem a pessoa a cometer asneiras e em seguida a fazem acreditar na própria culpa e praticar absurdos rituais autopunitivos. Do mesmo modo como uma diferença fundamental entre espíritos superiores e inferiores reside na infinita riqueza criativa dos símbolos criados pelos primeiros e na pobreza mecânica e repetitiva das falas dos segundos, Van Dusen observou também que os espíritos inferiores, além de não terem nenhum respeito pela individualidade do doente, ainda o trata como se fosse um autômato, uma máquina e procuram convencê-lo de que não passa de um objeto mecânico movido de fora.

A influência silênciosa que só reforça os homens

A observação coincide integralmente com a afirmação de Swedenborg em seu Diário Espiritual: “Por isso as pessoas andam por aí como máquinas. Aos olhos dos espíritos elas não são nada. Quando eles conhecem uma pessoa, que é um ser humano e também um espírito, acham que é uma máquina sem vida. Por seu lado, o Homem não esclarecido também vê o espírito como se fosse uma nada.” Paralelamente, o conteúdo das falas dos espíritos inferiores parecia estar limitado à memória do paciente, enquanto os espíritos superiores demonstravam conhecimentos que ultrapassavam tudo o que o paciente sabia. Swedenborg afirmava que os espíritos inferiores tinham perdido a memória ao morrer e tinham que se apoderar da memória do paciente, enquanto os espíritos superiores, embora não sendo divinos em si mesmos, transmitiam um conhecimento de ordem divina. Van Dusen também acha que os espíritos inferiores procuram inserir-se neste mundo apoderando-se de uma pessoa parecida com o que eles foram em vida, obedecendo, portanto, a uma lei de afinidade. Isto explica, segundo Swedenborg, porque o paciente acredita ter cometido atos que na realidade nunca praticou. Nestes casos, o espírito tem um domínio total sobre o paciente, que simbolicamente, morre, para o outro passar a viver em seu corpo. A necessidade do espírito inferior de apoderar-se do corpo explicaria também os casos de relações sexuais com espíritos, abundantes na literatura medieval e em alguns rituais primitivos, como o vodu haitiano. Já o espíritos superiores não mexem com o físico do paciente, só se comunicam através de símbolos. Esta influência é silenciosa e seu aparecimento é muito mais raro, na proporção de um para cada seis alucinações, segundo Van Dusen. Na conclusão de seu estudo, Van Dusen afirma: “Tive sempre a impressão de que os espíritos, bons e ruins, representam dentro do paciente certas forças inconscientes. A parte infernal mostra suas folhas pessoais, sua bitolação e sua estupidez. A parte celestial representa seus dons superiores – latentes e raramente usados. Alguns espíritos são muito mais inteligentes, outros, muito mais estúpidos que os pacientes. Parecem ser forças não-realizadas, não- vividas e que por isso causam confusão e mal. Uma paciente muito piedosa via cenas imorais; um ladrão e bêbado, negro, via uma história linda e comovente sobre o heroísmo dos grupos minoritários. O mundo dos espíritos se parece muito com as descrições de Swedenbor; ele é realmente o céu e o inferno no nosso inconsciente. São mundos que existem ao mesmo tempo fora de nós e dentro de nós.

2 comentários:

  1. blz, massssssssssssssss...........huuummmmmmmmmmmmmm!!!!!!!!!Bem!!!!!!!!!! éééééé....

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  2. Influencia divinas e negativas sempre existiram. Nos loucos os males vem e os afundam.
    Na divindade pode vir o conhecimento e sabedoria. Afinal , como um homem consegiu imaginar coisas tão complexas e executa-las. Na propria fisica quantica, a luz é tanto onda como matéria, assim como deus é

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